Tradição celta, tradição feminina
Como a gente encontra nosso tema de vida, ou deles (há mais de um, geralmente)? Em seu depoimento para nosso livro, Monika von Koss relata o insight que a levou a lidar com o feminino na mitologia e na psicologia.
“A tradição celta é uma tradição feminina. De todas, é a única que está preservada como uma tradição feminina. O que caracteriza os celtas, diferentemente dos semitas que se agregaram em torno de um Deus masculino, é que eles se agregaram em torno da Deusa.
Aí eu encontrei meu tema: as deusas, o feminino.
E eu só podia chegar à Deusa: a minha vida inteira eu rezei para a mãe do céu. A minha busca, a vida inteira, foi do feminino.
Eu tive um pai que cuidou de mim e que me deu estrutura. Mas a minha busca sempre foi a da mãe! E me lembrei de uma experiência muito forte, de quando fui a primeira vez para Findhorn. Eu fui de Londres para lá de trem leito. Demora doze horas para chegar. De madrugada, acordei com a sensação de que estava chegando em casa. Olhei para fora da janela e era a fronteira entre Inglaterra e Escócia.
Então, aquela terra eu conheço; tenho a forte sensação que aquela terra eu conheço de fato. Eu tinha 43 anos, e foi a virada. Eu percebi que em Findhorn eu mudei de lado: eu fui como aluna e voltei como mestra.
Eu lia em inglês, português, alemão, tudo que saía. E tive que separar o joio do trigo. Mas mapeei esse universo, tudo que se escreveu.
E fui fazendo e desenvolvendo vivências. Comecei a inventar trabalhos: me inspirava, olhava, fazia, adaptava. Sempre com a Deusa e o feminino. Virou tema.”
O feminino e o sagrado: mulheres na jornada do herói. Ed Ágora (link no menu)