Terezinha de Jesus em peça na Casa das Rosas
Tereza nasceu em 1873 numa família francesa muito católica, e perdeu a mãe aos 4 anos. Foi criada pelo pai e por duas irmãs mais velhas, que mais tarde entraram para o Convento das Carmelitas. Quando fez 15 anos ela também entrou para o Carmelo, onde aos 24 anos faleceu de tuberculose.
Parece pouco? Longe disso! Ela teve uma forte vida mística, que deixou registrada no livro Historia de uma alma. Alma sensível e determinada, doce e persistente, atormentada e iluminada, assombrada pela própria intensidade. Que hoje talvez fosse confundida com sintomas de alguma coisa, pois tem uma grandiosidade que desafia o padrão de “saudável” mediocridade psíquica. No entanto, ela mesma via-se como pequena florzinha dos campos, ou passarinho como no texto abaixo. Estranha mistura de fraqueza e força…
Esse seu lado forte é quase esquecido, mas seu modelo – sua heroína – era Joana D´Arc, a santa guerreira medieval que morreu queimada na fogueira. Tereza escreveu numa carta ao Abbé Belliere:
“Na minha infância sonhei combater nos campos de batalha. Quando comecei a aprender a história da França, o relato dos feitos de Joana d’Arc me encantava; sentia em meu coração o desejo e a coragem de imitá-los” .
E diz a história de Joana que numa visão o Arcanjo Miguel lhe disse:
– Você vai conseguir a desejada união com o Divino, mas antes vai ter que empunhar a espada.
Joana empunhou. Terezinha também. Ser santa não é para qualquer um.
Eu gosto demais dela desde que li seu livro; dentro do meu poliglotismo espiritual, sou sua devota. Estive em sua casa em Lisieux, onde sua presença é quase fisicamente sentida, como sabia que seria.
E fui há pouco assistir uma peça que conta sua vida, na qual ela é muito bem representada pela jovem atriz Gabriela Cerqueira. Está na Casa das Rosas, tel (11) 3251-5271, só até fim de fevereiro, de graça, ás 11 hs dos domingos. Linda, comovente peça. Tem também um filme sobre sua vida no youtube: A vida de Santa Terezinha do Menino Jesus
Abaixo, um pequeno texto de Tereza:
O pequeno passarinho
O passarinho quereria voar para o Sol brilhante que lhe fascina o olhar; quereria imitar as Águias, suas irmãs, que vê elevarem-se até ao fogo divino da Santíssima Trindade… Pobre dele! tudo quanto pode fazer é agitar as suas pequenas asas; mas levantar voo, isso não está no seu pequeno poder! Que será dele? Morrerá de desgosto, ao ver-se impotente?… Oh, não! o passarinho nem sequer se vai afligir. Com um audacioso abandono, quer ficar a fixar o seu divino Sol. Nada seria capaz de o assustar, nem o vento nem a chuva; e se nuvens sombrias chegam a esconder o Astro do Amor, o passarinho não muda de lugar, pois sabe que para além das nuvens o seu Sol brilha sempre, e que o seu brilho não se poderia eclipsar nem por um instante sequer.
É verdade que às vezes o coração do passarinho se vê acometido pela tempestade; parece-lhe não acreditar que existe outra coisa, a não ser as nuvens que o envolvem. É então o momento da alegria perfeita para a pobre e débil criaturinha. Que felicidade para ela, permanecer ali, apesar de tudo, e fixar a luz invisível que se esconde à sua fé!!!…
texto de Bia Del Picchia