Sobre a renovação vinda pelo novo deus, por Joseph Campbell
Campbell fala como um período desvitalizado e decadente é renovado pelo surgimento do novo-velho Deus. Ele vem através da concepção virginal, que é sinal da dupla natureza físico-espiritual humana ( pai divino, a mãe humana; alma transcendente, corpo material).
Feliz Natal!
“O problema, a partir de agora, é o mundo da vida humana. (..) A perspectiva do homem torna-se limitada, compreendendo apenas as superfícies que refletem luz, as superfícies tangíveis da existência. A visão do profundo é impedida. Perde-se de vista a forma significativa da agonia humana. A sociedade é levada ao erro e ao desastre. O Pequeno Ego usurpou o posto de juiz do Eu.
Trata-se, no mito, de um tema perpétuo e, nas vozes dos profetas, de um clamor familiar. As pessoas anseiam por alguma personalidade que, num mundo de corpos e almas distorcidos, represente outra vez as linhas da imagem encarnada. Estamos familiarizados com o mito pertencente à nossa própria tradição. Esse tema ocorre em toda parte, sob uma variedade de formas.
Quando a figura de Herodes (o símbolo extremo do ego desgovernado e insistente) leva a humanidade ao nadir da degradação espiritual, as forças ocultas do ciclo começam a mover-se por si mesmas.
Numa cidadezinha remota, nasce a donzela que se manterá imaculada dos erros comuns de sua geração: uma miniatura, no meio dos homens, da mulher cósmica que desposou o vento. Seu ventre, vazio como o abismo primordial, chama para si, graças à sua própria disponibilidade, o poder original que fertilizou o vazio.
“Eis que, num certo dia, enquanto Maria se encontrava perto da fonte, a fim de encher seu cântaro, o anjo do Senhor lhe apareceu, e disse: Bendita sejas, Maria, pois em teu ventre preparaste a morada do Senhor. Contempla, a luz virá do céu e habitará em ti e, por teu intermédio, brilhará sobre todas as coisas’.””
Texto de Bia Del Picchia, enxerto de O herói de mil faces, de Joseph Campbell, Ed. Cultrix