Sobre a recusa ao chamado
“Uma pessoa pode recusar o chamado de várias maneiras: minimizando seu apelo, desviando a atenção para outros interesses, encontrando desculpas, mesmo verdadeiras, para não seguir ou para adiar a convocação.
Quando a vida externa mobiliza muito nossa mente e energia, por exemplo quando se está focado no trabalho, na carreira, nos relacionamentos, na família ou nos filhos, é fácil recusar‑se a receber o chamado. Também quando somos descrentes, céticos ou excessivamente materialistas o apelo à ruptura parece corroborar com nosso pessimismo em vez de nos chamar para novas possibilidades.
Mas, se o chamado pode ser protelado, recusado e até distorcido, parece que a vida não desiste nunca. Ou a insatisfação, a sensação de vazio e de falta de sentido retornam ainda mais prementes, ou acontecem novas atribulações e eventos externos no mesmo sentido. Não importa como, mas a convocação para que cada um siga a vida que lhe coube viver, ou o apelo para que se torne quem veio ser, parece retornar sempre.”