Se abrindo para o novo
A vida para ser vivida de forma plena até o dia da nossa morte, implica em que constantemente estejamos deixando morrer o velho que já acabou e renascendo, nos abrindo para o novo. Metaforicamente, deixar o inverno findar em nossa vida, para que a primavera, com todas suas possibilidades, nasça nela de novo!
Para isso acontecer é preciso, com constância, estar disponível a querer conhecer coisas ainda não conhecidas, buscar o prazer de realizar coisas nunca feitas, ousar experimentar em áreas ainda não vividas, pisar com coragem o chão do desconhecido.
É abrir espaço na mente, no coração, na alma para o inesperado, o assombro, o “frio na barriga” do não saber. É buscar dentro de nós a postura plena de curiosidade e encantamento que tem as crianças pequenas ao encarar o mundo.
E viver o novo não precisa, necessariamente, ser com algo que nunca tenho sido visto ou experimentado. Essa vivência pode vir através de um novo olhar, uma nova percepção, uma nova perspectiva que transforma aquilo que era plenamente conhecido em uma novidade, quase em uma outra coisa, em uma nova descoberta. É preciso se abrir para o novo que acontece fora da gente, mas também para o novo que nasce dentro da gente!
E cada etapa da vida – infância, adolescência, juventude, idade madura, velhice e todas suas inúmeras subdivisões – já traz em si, possibilidades imensas de novas descobertas de como sermos, ao mesmo tempo, nós mesmas e muito diferentes do que já fomos. Essas etapas pedem novas formas de estar no mundo, pois trazem novas demandas, novas questões, novas descobertas, novas premissas, novos limites, novos recursos. Apenas por existir no tempo, já podemos estar no processo dinâmico de eterna redescoberta e transformação, vivendo constantes invernos e primaveras.
Se não nos apegarmos rigidamente a nossos comportamentos, pensamentos, crenças e valores ou não nos paralisarmos num modo imutável de funcionamento, podemos experimentar formas novas de ser a gente mesma e de olhar de maneira renovada para os outros, para a vida e para o mundo, o tempo todo da nossa existência.
A eterna fonte, não da juventude, mas do frescor da vida plena de vida, está na perene curiosidade e encantamento sobre o Mistério que somos nós e esse imenso universo, onde periodicamente chega a primavera, renovando a gente, a natureza e o planeta Terra, essa linda nave espacial em que vivemos.
Trecho do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2