Qual a “cura” que um círculo de mulheres pode trazer?
Ao falar de jornadas de cura nos círculos, não usamos a palavra “cura” no sentido em que o dicionário e a medicina a utilizam, que é “restabelecimento da saúde”. Estamo-nos referindo a algo sutil, subjetivo e mais amplo: às curas que decorrem dos processos pessoais e coletivos de desconstrução de crenças tóxicas.
Acontece que muitas das crenças debilitantes que nós, mulheres, temos a respeito de nós mesmas devido à cultura em que fomos criadas nos machucam psicologicamente (e tantas vezes fisicamente!), formando feridas que precisam ser limpas e tratadas com delicadeza e paciência.
São essas crenças que os círculos de mulheres questionam, mesmo que às vezes nem toquem intencionalmente nisso. Seja enquanto bordamos, dançamos, estudamos mitologia, comemos um bolo, lutamos por direitos, fazemos rituais e o que mais quisermos fazer, se estamos juntas de modo igualitário e aberto, vamos tomando consciência delas e tratando uma a uma.
É como se fôssemos nos descobrindo juntas, “tirando os véus” que toldavam nossa visão, desvendando nossa verdadeira face e ao mesmo tempo revelando as opressões que nos machucam. Quando uma mulher se mostra dessa forma, ela ajuda e estimula as outras a fazer o mesmo.
Os círculos de mulheres de hoje vêm fazendo um trabalho parecido com aquele realizado pelos grupos de expansão da consciência dos anos 1960 – a que nos referimos no Capítulo 1 –, mas acrescido da força de propagação possibilitada pela internet e da ampliação de consciência e de conquistas femininas que já alcançamos.
Transformando o jeito de nos enxergar como mulheres, vamo-nos tornando mais seguras de nós e de nossas escolhas, mais “inteiras” emocionalmente falando, mais livres, com maior autoestima, assumindo de forma mais ampla e livre o comando da vida.
Ana Cecília fala sobre o impacto que uma experiência dessas pode suscitar:
a primeira vez em que me senti uma mulher bonita foi dentro de um círculo de mulheres – não foi nos braços de nenhum homem, de nenhum amor. Foi quando me senti uma mulher linda, poderosa, porque eu me senti bem comigo e com todas sem a necessidade da aprovação de um homem. Isso é curativo e libertador!
Trecho do nosso novo livro CÍRCULO DE MULHERES – AS NOVAS IRMANDADES
Que bacana!