O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Se você fosse contar resumidamente sua historia de vida adulta, como descreveria as diferentes etapas que viveu?

Poderia ser assim: – Então, eu me formei em arquitetura e fui trabalhar numa grande firma, onde fiquei até conseguir abrir meu próprio escritório…
Ou: Eu me casei e logo tive um filho. Quando me separei, dois anos depois, mudei de vida completamente…
Ou: Adorei morar na França. Só quando conclui a graduação, voltei para cá…

Por esses exemplos, dá para notar como são diferentes os enfoques que as pessoas usam para classificar as fases que viveram.
Esses enfoques podem estar relacionados ao trabalho, a vida doméstica, aos estudos, ao social, ao dinheiro, aos lugares habitados…
Ou aos relacionamentos, como conta Rosa Montero em seu excelente livro A Louca da casa (recomendo!):

-“ Estou acostumada a organizar as lembranças de minha vida em torno de um rol de namorados e livros. Os diversos relacionamentos que tive e as obras que publiquei são as referencias que marcam minha memória, transformando o ruído informe do tempo em uma coisa ordenada. “Ah, aquela viagem ao Japão deve ter sido na época em que eu estava com J., pouco depois de escrever TE TRATAREI COMO RAINHA, penso, e imediatamente as reminiscências daquele período, as desgastadas migalhas do passado, parecem instituir-se em seu lugar.”

Também podemos fazer um mix deles, ou usar diferentes ordenadores para diferentes fases da vida.
Mas, seja sempre o mesmo tema ou com temas variados, pode reparar que sempre essa ordenação está ligada a importância que damos, temporariamente ou não, àquele assunto específico.
Como os marcadores com que nomeamos as matérias que postamos nesse blog, mostram onde mais focamos nossa energia.

É um exercício curioso fazer desse jeito um rápido álbum mental de nossa vida.
E fica a pergunta: quais são seus marcadores?

 Texto e criação gráfica de Beatriz Del Picchia