Prática de percepção: NÃO OLHAR
A tapeçaria que trata do sentido da visão é a única na qual a Dama está sentada, como uma Rainha em torno de quem os outros gravitam.
A posição da Dama indica como a visão ocupa um lugar dominante na nossa percepção de mundo. Assim, o objetivo desse exercício é estimular a percepção dos outros sentidos, que normalmente ficam mais apagados.
A posição da Dama indica como a visão ocupa um lugar dominante na nossa percepção de mundo. Assim, o objetivo desse exercício é estimular a percepção dos outros sentidos, que normalmente ficam mais apagados.
A idéia destas práticas simples é prestar atenção às nossas sensações corporais e percepções, e conectá-las a nosso mundo interno. Se quiser mais informações sobre isso, clique AQUI.
Não é preciso ter feito as práticas anteriores para fazer a de hoje, que consiste em:
1. AFASTAR OUTROS ESTÍMULOS E CONCENTRAR-SE SÓ NISSO. Não mexer nem olhar para o computador, celular, televisão, desligar o som, não falar.
2. CAMINHAR LENTAMENTE E FAZER PEQUENAS PARADAS COM OS OLHOS FECHADOS, em casa ou outro lugar seguro, onde não haja risco de tropeçar, cair, colidir, ser empurrado. Atenção: se tiver problemas de labirintite não faça essa pratica.
3. DAR QUALIDADES ÀS PERCEPÇÕES QUE SENTE, CONSCIENTIZAR OS SENTIMENTOS QUE TRAZ E FAZER ASSOCIAÇÕES EMOCIONAIS. Eu sigo mais ou menos o roteiro abaixo, mas não é preciso responder todas essas questões.
4. DURAÇÃO: ALGUNS MINUTOS OU SEGUNDOS.
E se com esta pratica a gente notar que está prestando mais atenção ao que não vê mas está presente de outras maneiras, OBA! Se estamos percebendo que podemos aproveitar melhor todos os sentidos, e ir além das aparências que tanto nos fascinam, OBA OBA! É a Dama que se aproxima!
Roteiro: De olhos fechados, qual sentido percebo primeiro: ouço algum som, sinto algum cheiro, percebo meu corpo tocando o sapato ou outra coisa? Como me sinto em relação ao escuro: tenho medo, gosto? Como está minha respiração: calma, rápida? Dando alguns passos de olhos fechados, como fico: insegura, meio aflita, ansiosa, tonta, com medo..? Estendo minhas mãos para frente? De olhos agora abertos, o que me atrai o olhar em primeiro lugar? Como me sinto em relação a esse objeto? De olhos fechados outra vez, dou alguns passos. Algo mudou? Qual sentido realça agora? Estou mais ou estou menos confortável com o exercício? Fazer isso me lembra alguém, época da vida, circunstancia? Inspira alguma imagem, desejo, ação?
Abaixo, uma prática minha para ilustrar.
Se tiver tempo e vontade, escrever, desenhar, falar ou comentar sua pratica ajuda muito.
De olhos fechados
As arvores eram tão lindas que fiquei hipnotizada por elas.
Olhei-as tanto e com tanta gula que, inundada de verdes, não aguentei mais e fechei os olhos.
Imediatamente os outros sentidos despertaram.
Os cheiros ficam mais vívidos: folhas secas e terra molhada. Parecia que as narinas inchavam para melhor acolhe-los.
Os ruídos confundiam-se num zumbido distante, de carros passando ao longe, zummmmmmmmm. Ouvia uma frase aqui e ali, que se desfazia com o vento que esfriava minhas bochechas.
Tomei consciência dos meus pés, cujas solas agora percebiam a dureza crocante dos paralelepípedos. De vez em quando, feriado, um colchão de folhas ou, cuidado, um quase tropeço.
Se focava para dentro dos meus olhos, via espocar flashes de luz em meio à semi escuridão.
Sem enxergar nada, estava numa solidão pública, vulnerável, porosa. Imaginei como se sente um cego: inseguro como eu, ou desenvolve mais confiança nesse mundo de brumas, sem a sentinela dos olhos a protegê-lo?
Com medo de topar com alguma arvore, dei uma olhadinha, frestinha, fres… festa!
Olhei de novo, e mundo dançava formas e cores outra vez, e eu estava na dança, oba!
textos de Beatriz Del Picchia, imagens da Dama e o Unicórnio expostos no Museu de Cluny, Paris
Beatriz, adoro estas práticas que você traz aqui para o blog.
Tenho feito e tive vários insights.
Achei muito legal você compartilhar o relato de sua própria vivência.
Muito Obrigada!
Abraço
Obrigada, Cristiane! Eu acredito profundamente que a experiencia pessoal é o que valida as ideias filosoficas, psicologicas e espirituais. abração!