Poesia é remédio – O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS, de Manoel de Barros
Neste ano novo que logo, logo começa e que tem um número bonito – 2013 – quero buscar estar/viver como meu poeta preferido , uma apanhadora de desperdícios.
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.
E buscar copiar (só um pouquinho, dentro do meu possível, porque não nasci esse ser encantado – um poeta) o viver o cotidiano como ele, poeticamente.
“Exploro os mistérios irracionais dentro de uma toca que chamo ‘lugar de ser inútil’. Exploro há 60 anos esses mistérios. Descubro memórias fósseis. Osso de urubu, etc. Faço escavações. Entro às 7 horas, saio ao meio-dia. Anoto coisas em pequenos cadernos de rascunho. Arrumo versos, frases, desenho bonecos. Leio a Bíblia, dicionários, às vezes percorro séculos para descobrir o primeiro esgar de uma palavra. E gosto de ouvir e ler “Vozes da Origem”. Gosto de coisas que começam assim: “Antigamente, o tatu era gente e namorou a mulher de outro homem”. Está no livro “Vozes da Origem”, da antropóloga Betty Mindlin. Essas leituras me ajudam a explorar os mistérios irracionais. Não uso computador para escrever. Sou metido. Sempre acho que na ponta de meu lápis tem um nascimento.”