Nossa avó iorubá: Nanã Burucu – parte 1
Nanã Burucu é a mais velha das aiabás. Aiabá em iorubá quer dizer rainha e é a denominação usada para todos os orixás femininos. Nanã vem de tempos tão remotos, anteriores à descoberta do ferro, que em seus rituais não se utilizam objetos de metal.
É uma anciã forte, poderosa, introspectiva e sábia. Representa o arquétipo da Grande Avó. Nanã mora no fundo das lagoas e é a dona das águas misturadas à terra: a lama e a água dos pântanos. O baobá é sua árvore sagrada.
Usa um cetro, que também serve como arma, o ibiri. Segundo o mito, o ibiri nasceu junto com ela, na mesma placenta. Na hora do nascimento, ele enrolou-se por encanto e cobriu-se de búzios, miçangas, contas e outros enfeites. Ele é o gêmeo de Nanã e um poderoso instrumento, fonte de muito axé (energia vital que permeia tudo na terra e no reino dos orixás). O ibiri representa a forte relação de Nanã com os espíritos ancestrais.
Ela é a orixá da memória. Une passado, presente e futuro; é a guardiã das experiências históricas dos ancestrais e das civilizações.
Trecho do livro “O legado das deusas”
Discordo quando é dito que, o ibiri também serve de arma para Nanã.
Em nenhum momento cerimonial, o ibiri é expresso como se fosse uma arma.
Sobretudo durante a dança sagrada, em que Nanã nina ternamente em suas mãos o ibiri.