MULHERES MARCANTES: Maria Lacerda de Moura (1887/1945)
Maria Lacerda de Moura foi uma escritora, militante, jornalista, conferencista, educadora e pensadora brasileira que se notabilizou por seus escritos feministas. Foi também uma das ativistas mais envolvidas com o movimento anarquista brasileiro e com o movimento operário e sindical.
Desde jovem se interessou pelo pensamento social e pelas idéias anticlericais. Formou-se na Escola Normal de Barbacena (1904), onde continuou a lecionar, adotando a pedagogia libertária de Francisco Ferrer Guardia. Como líder comunitária, iniciou um trabalho junto às mulheres da região, incentivando um mutirão de construção de casas populares para a população carente da cidade e fundou a Liga Contra o Analfabetismo.
Mudou-se para São Paulo e começou a colaborar na imprensa operária e anarquista brasileira e internacional. Publicou (1918-1919) dois livros sobre a instrução das mulheres como instrumento transformador de suas vidas e assumiu a presidência da Federação Internacional Feminina, entidade criada por mulheres das cidades de Santos e São Paulo. Inseriu em seus estatutos (1921) a proposta de modificação do currículo de todas as escolas femininas, incluindo uma disciplina sobre a História da Mulher. Lançou a revista Renascença (1923), publicação cultural divulgada no movimento anarquista e entre setores progressistas e livre-pensadores.
Adepta do amor livre, a favor da educação sexual e contra a moral vigente, reconhecia que as relações com o corpo, os homens, a família e o trabalho eram temas mal discutidos no movimento feminista convencional no período. Antifascista e antimilitarismo, tornou-se conhecida não só no Brasil, mas também no Uruguai e Argentina, onde esteve convidada por grupos anarquistas e sindicatos locais.
Entre 1928 e 1937, viveu numa comunidade agrícola autogestionária em Guararema, formada principalmente por anarquistas e desertores espanhóis, franceses e italianos da Primeira Guerra Mundial. Como dizia a comunidade era: “livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais, religiosos e sociais”. A repressão política durante o governo de Getúlio Vargas forçou a comunidade a se desfazer.
Vai viver então no Rio de Janeiro e dedicar-se ao estudo da astrologia e trabalhar na Rádio Mayrink Veiga lendo horóscopos.
Fez parte da maçonaria e da Rosa Cruz, mas se distanciou desta publicamente, após saber que sua sede em Berlim havia sido cedida aos nazistas. Sua última conferência, no entanto foi realizada em 1944 no Centro Rosa Cruz, ao qual voltou a se ligar ao final de sua vida. Faleceu em 1945, aos 58 anos de idade.
Puxa, que mulher extraordinária!
Adorei conhecê-la, pena que morreu tão jovem.
Bjs