Minhas personagens femininas marcantes – parte 2
Continuando minha descrição e homenagem as minhas heroínas literárias da infância e adolescência, vamos a elas:
LAURA INGALLS – (Coleção livros de Laura Ingalls Wilder)
São 8 livros contando a história dela e sua família no meio oeste americano no final do século XIX. Laura nasceu em 1867 uma pequena cabana de troncos, à beira da Floresta do Winsconsin e, ao longo dos anos, viajou com a família de carroça através de Kansas, Minnesota e, finalmente, do Território de Dakota. Os livros contam sua história desde pequenininha até seu casamento. A vida que ela descreve com muita graça era uma vida tão diferente da minha que me encantou. Era uma vida muito dura onde se tinha que enfrentar ursos, lobos, índios, invernos rigorosíssimos e grandes distâncias de algo mais civilizado. Mas junto a isso era uma vida cheia de emoções e aventuras. E Laura é uma personagem cativante, cheia de energia, corajosa, meio selvagem até. “Viajando” em seus relatos pude me experimentar como uma menina mais ousada, que vivia em espaços abertos e selvagens, que domava cavalos e andava de trenó embaixo de uma neve inacreditável, enfim uma delícia ser igual a Laura na minha imaginação!
ANGELIKA – (Angélika Gêli, a Estranha/ H. E. Seuberlich)
Angelika Geisler, ou Geli é uma adolescente que chega a Viena, logo depois da segunda guerra e ninguém sabe de onde veio, e quem na verdade é, tudo o que se sabe, é que a garota fala alemão com sotaque, e francês fluentemente. Vai morar num campo de refugiados e estudar numa escola local. O livro é sobre a experiência dela com suas colegas. Eu amei demais o livro a primeira vez que o li – devia ter uns 13/14 anos e continuo gostando ainda muito dele. Angelika é misteriosa, madura, carrega uma tristeza e uma profundidade emocional que tocou de forma intensa a menina que eu era. Acho que com ela aprendi que eu apreciava e ainda aprecio pessoas que tem um mundo interno profundo e multifacetado. Talvez fosse um dos primeiros chamado da minha vocação de psicóloga e psicoterapeuta.
JO MARCH – (Mulherzinhas e Esposas exemplares/ Louisa May Alcott)
Os títulos dos dois livros podem dar uma idéia bem errada, mas nada de conteúdo parecido com “mulherzinhas ou esposas exemplares”; foram publicados pela primeira vez na década de 1860 e talvez nessa época esses títulos não fossem pejorativos. Na verdade, os livros são sobre a história das 4 irmãs March e de sua corajosa mãe, cinco personagens femininas muito ricos. Mas delas a minha preferida SEMPRE foi a Jo. Jo é impetuosa, imaginativa, corajosa, muito honesta na sua fala, o que muitas vezes lhe trazia diversos dissabores e queria ser escritora; era uma mulher muito à frente do seu tempo. E sobretudo, o que eu mais admirava e admiro nela foi a atitude de não aceitar casar-se com Laurie, seu melhor amigo, seu grande companheiro de aventuras e podre de rico – o que lhe possibilitaria uma vida cômoda onde seria protegida e amada – porque não o amava como homem. Essa escolha dela – de ser fiel a si mesma e não escolher o caminho mais fácil – e numa época tão difícil para as mulheres, sempre me inspirou! Acho que eu li esses livros uma 50 mil vezes e sempre nessa parte eu me emocionava e ficava feliz, sabendo que se Jo March podia fazer essa escolha eu também podia!
Essas seis “garotas literárias”- Narizinho, Pollyana, Anne Shirley, Laura, Angelika e Jo e seus mundos, suas histórias, suas personalidades e suas escolhas, junto aos contos de fada, formaram um dos substratos mais importantes da minha imaginação. Todas estão em minha “sopa simbólica” e por consequência do meu mundo interno de menina e menina-moça (que expressão antiga!) e permanecem, em alguma medida, em mim até hoje. Acho que eu as amei porque eram um reflexo do que eu queria ser e sou e também porque reforçaram e ampliaram quem eu era e sou.
PS: Tenho certeza que se fosse de outra geração, a Hermione, da saga Harry Potter, estaria nessa minha lista!
Adorei !!!!!! Essas eu não conhecia mais nenhuma. Vdd, a Hermione é ótima msmo! Vou ver tb nas férias