MARI-AMALURRA, deusa ruiva do país Basco na poesia de Rubens Zárate
Espirito da floresta, da terra e dos animais, Mari-Amalurra vem do passado mítico da comunidade tribal primitiva do País Basco. Ligada à tempestade e aos raios como Iansã, ela também tem afinidades com Hécate, Patchamama e outras grandes Deusas do matriarcado.
Eu soube dela através dos belos textos de autoria de Rubens Zárate, lidos por ele mesmo num sarau da livraria Acervo. Rubens é um historiador e poeta que se inspira no xamanismo e em mitos, especialmente femininos, dos nativos americanos e de partes da Europa. Abaixo trechos:
epítetos de hécate
:: dominadora de tudo :: castanha assassina :: visionária maior :: portadora do fogo ::
:: indomável :: germinadora de flechas :: mãe de tudo :: amante de cadáveres ::
:: olho selvagem; a da face de fera; bebedora de sangue :: rondadora da noite; a da bandana brilhante; rainha das cadelas ::
:: dona das encruzilhadas :: aquela-que-tudo-transforma :: terna, delicada :: espírito da alegria ::
:: comedora de sujeira :: a da terra e debaixo da terra :: a dos sândalos dourados ::
:: lady ::
“: MARI-AMALURRA costuma ser vista em forma de formosa dama em amboto :: de madre desnuda em putxerri, de fêmea ruiva em zaldíbia, de matrona virgem em tolosa, de senhora montada em carneiro, de mulher envolta em chamas em bedoña, com a cabeça rodeada pela lua em azcoitía, com garras de coruja em garagarza, com cascos caprinos em auza, com patas de bezerra em larrabea, de árvore que se incendeia em orozco, de árvore cujo tronco lembra uma mulher, de bode negro em zugarramurdi, de nuvem branca em arrazola, de vento de chuva em eskoriatza, de lindo arco-íris em zegama, de cometa queimando a noite em gamboa, de chuveiro de chispas em lizárraga, de vermelha tempestade em todos os lugares, na gruta de bidarray petrificada ::”
RUBENS ZÁRATE