Lista de Intenções de Ano Novo
Dizem que a gente deve aproveitar o fim de um ano e começo de outro para mudar de vida, como se estivesse passando um caminhão de mudanças coletivo.
Então, costumamos fazer uma Lista de Boas Intenções para o Ano Novo, com itens como fazer regime, parar de fumar, economizar, etc.
A gente até começa o ano cumprindo essas Intenções, mas é comum que isso não dure nem até o Carnaval.
Se, por exemplo, colocamos na Lista: VOU EMAGRECER CINCO QUILOS – logo aparece um encontro com amigos queridos naquela cantina onde todos comem um belo macarrão e tomam pencas de vinho. Ficamos nos segurando até dar a primeira colherada (só um pouquinho…), e aí dançou, quando reparamos estamos enfiando o pé na jaca, pensando assim: já-que-comecei-vou-comer-até-cansar.
Por que geralmente essas listas não dão certo?
Os velhos mitos nos dão umas dicas.
Lembra daqueles contos infantis, quando, no batizado da princesa, as fadas coloridinhas eram convidadas para dar lindos presentes?
Uma dava ao bebê o dom da beleza, outra o dom da costura, e a coisa ia desse jeito até que, por ultimo, aparecia uma fada cinza que esqueceram de convidar.
Ressentida, ela rogava uma praga que atrapalhava todas as outras, tipo:
“- Ela vai ser linda, vai costurar muito bem, e, quando fizer 15 anos, vai picar o dedo na agulha e dormir para sempre”.
Parece que essa fada é parente daquele anjo torto do Drummond, que disse que ele ia ser gauche na vida, mas não tenho certeza. O que tenho certeza é de que, depois que a gente faz a Lista das Melhores Intenções, conforme gostam as fadinhas cor de rosa, aparece a fada cinza que nem uma ducha fria, e arruína tudo.
Sendo assim, eu faço o seguinte: convido essa fada desde o início.
Faço duas listas: uma de Melhores Intenções, e uma de Piores Intenções.
Para cada uma, coloco outra. Por exemplo:
Vou fazer regime ……………………Vou tomar chopp quando der vontade
Vou cumprir meus prazos ………..Vou me perdoar por falhar às vezes
Vou manter a calma ………………..Vou me permitir estourar quando não tiver jeito
Isso não é fazer concessão: isso é ser inteiro, não perfeito.
Os que tentam ser perfeitos são os que acabam errando mais, porque, quando falham, caindo do próprio pedestal, costumam desistir logo da coisa toda e ir para o extremo oposto.
Então, para que serve a lista?
Para ser uma direção, não uma imposição.
Um rumo, um farol, na aventureira navegação que fazemos pela vida, onde as vezes o erro leva a descobertas. As intenções são boas como instrumentos, não como fim em si mesmas.
Temos duas mãos, uma esquerda e outra direita.
Temos um lado rosa e outro cinza, uma fada madrinha boa e outra não tão boa.
É melhor ficar de bem com todas.
Texto de Beatriz Del Picchia
Bia, eu ADORO seu lado B!
E que todas nós não esqueçamos JAMAIS de convidar todas, todas as fadas…
Cris
Bia, que sempre nos lembremos disto…Que todas as possibilidades nos enriqueçam!