Homenagem a uma bruxa
Aproveitando o último post vamos mais uma vez a esse período tão negro da História: a chamada caça às bruxas. Foi um período muito longo que começou no século 14 e atingiu o auge entre os anos 1610 e 1650. Ela aconteceu em várias partes da Europa e nos Estados Unidos, mas foi especialmente devastador no norte da Europa: Alemanha e Escandinávia. Foi uma perseguição religiosa e social a todos que se julgassem adeptos de práticas de bruxaria.
Condenou a morte e a tortura entre 50000 a 100000 pessoas, sendo 75% mulheres.
No mais famoso tratado sobre as bruxas, que norteou muitos dos julgamentos – O martelo das feiticeiras – seus autores, o inquisidor alemão Kraemer e o padre suíço Sprenger defendem que a bruxaria era exclusiva das mulheres, que um desvio sexual inerente ao feminino tornava a mulher passível às ciladas do diabo, em corpo e espírito!
Mas vamos falar de uma mulher real: Merga Binen. Entre 1603 e 1606 cerca de 200 pessoas foram julgadas como bruxas na cidade de Fulda, Alemanha, entre elas Merga. Ela estava entre as primeiras a serem julgadas, e foi acusada do simples fato de estar grávida! Ela ficou viúva duas vezes e estava casada com o terceiro marido há 14 anos e nunca tinha tido um filho e, de repente, engravidou. Por isso eles disseram que o feto que crescia dentro dela pertencia ao Diabo! Mesmo grávida, ela foi torturada e obrigada a confessar ter matado seus ex-maridos e ter tido relações sexuais com Satanás. E por isso Merga foi queimada na fogueira como bruxa.
Então se tomarmos a lembrança de todo esse horror vivido pelas mulheres naquela época como símbolo para lutarmos sem cessar para que isso nunca mais aconteça conosco ou com nossas irmãs, filhas e netas, o sofrimento de Merga pode ser nossa “bandeira” e dessa forma possamos honrá-la em sua morte tão absurda.