Happy Halloween
A escritora Marguerite Duras disse que o que conhecemos hoje como bruxaria começou na Idade Média, porque naquela época muitas mulheres ficavam tão sozinhas, no campo, que começaram a conversar com os animais e as plantas, daí passando a fazer encantamentos com eles. Parece que ela mesma gostava de solidão, porque acrescentou: “Nunca fui tão generosa como depois que fiquei só, sem a família. Tenho pena dos casais.”
Bom, acho essa posição meio discutível, e existem outras explicações a respeito de bruxas e bruxarias. Mas isso me evocou uma historinha, que deixo aqui para vocês nesse Dia das Bruxas.
Bom, acho essa posição meio discutível, e existem outras explicações a respeito de bruxas e bruxarias. Mas isso me evocou uma historinha, que deixo aqui para vocês nesse Dia das Bruxas.
Iluminada pela lua cheia, ela olhava para o mar bravo da costa da Bahia. Na isolada pousada onde estava hospedada, o único barulho era o da arrebentação.
Sem pensar, estendeu a mão e tocou numa palmeirinha próxima.
Percebeu uma vibração contínua, com um ruído zzzzzzzzzzzzzz…..
Tirou a mão rapidamente, dando um pequeno salto para trás. A vibração parou.
Ela se perguntou: seria labirintite? Mas labirintite não pára de repente.
Olhou com atenção para a palmeira, baixa, bojudinha no tronco, com as folhas balançando ao vento forte. Colocou a mão de novo.
A vibração vinha mesmo de dentro da parte gordinha do tronco. Mais do que uma vibração, parecia que aquilo era uma espécie de comunicação da palmeira, cujo sentido quase dava para entender.
Ela ficou ali por muito tempo, pondo e tirando a mão, meio suspeitando-se louca, meio divertindo-se como se tivesse achado um excitante brinquedo novo. Seus cabelos voavam ao vento, e a vibração se estendia por todo seu corpo.
– Muita solidão, concluiu no dia seguinte, quando já estava achando que as palmeiras eram extremamente simpáticas.
Assim, deu por encerrada a temporada na praia e voltou para São Paulo, onde logo estava trabalhando em novo projeto e saindo com um novo rapaz.
Melhor dizendo, com um rapaz novo. Novo demais, talvez. Quando a empolgação – e essa durou pouco – passou, e o trabalho já estava quase concluído, ela começou a sonhar com a palmerinha.
Ouvindo essa história, sua irmã lhe disse que ela deveria sair mais, ampliar seu circulo de amigos.
– Tem razão, ela respondeu – Vou incluir as árvores no meu circulo de amigos. Pelo menos as palmeirinhas.
E voltou para a Bahia.
Sem pensar, estendeu a mão e tocou numa palmeirinha próxima.
Percebeu uma vibração contínua, com um ruído zzzzzzzzzzzzzz…..
Tirou a mão rapidamente, dando um pequeno salto para trás. A vibração parou.
Ela se perguntou: seria labirintite? Mas labirintite não pára de repente.
Olhou com atenção para a palmeira, baixa, bojudinha no tronco, com as folhas balançando ao vento forte. Colocou a mão de novo.
A vibração vinha mesmo de dentro da parte gordinha do tronco. Mais do que uma vibração, parecia que aquilo era uma espécie de comunicação da palmeira, cujo sentido quase dava para entender.
Ela ficou ali por muito tempo, pondo e tirando a mão, meio suspeitando-se louca, meio divertindo-se como se tivesse achado um excitante brinquedo novo. Seus cabelos voavam ao vento, e a vibração se estendia por todo seu corpo.
– Muita solidão, concluiu no dia seguinte, quando já estava achando que as palmeiras eram extremamente simpáticas.
Assim, deu por encerrada a temporada na praia e voltou para São Paulo, onde logo estava trabalhando em novo projeto e saindo com um novo rapaz.
Melhor dizendo, com um rapaz novo. Novo demais, talvez. Quando a empolgação – e essa durou pouco – passou, e o trabalho já estava quase concluído, ela começou a sonhar com a palmerinha.
Ouvindo essa história, sua irmã lhe disse que ela deveria sair mais, ampliar seu circulo de amigos.
– Tem razão, ela respondeu – Vou incluir as árvores no meu circulo de amigos. Pelo menos as palmeirinhas.
E voltou para a Bahia.
Texto e criação gráfica de Beatriz Del Picchia