Filme Cinderella, moderna fantasia antiga
Seguindo o conselho da mãe – “seja corajosa e gentil” – Cinderela (Lily James) deixa-se ser rebaixada pela madrasta (Cate Blanchet, super vamp) até a Fada Madrinha dar-lhe a chance de encontrar seu Príncipe (Richard Madden). Na verdade, ela é uma heroína boazinha demais, o que a torna meio fora de moda.
Apesar disso, por que essa historia que todo mundo sabe de cor faz sucesso e tem tantas refilmagens? Por que o publico infanto-juvenil (e adultos como eu mesma) continua pagando para assisti-la?
Porque é uma história arquetípica, claro. Assim, é um tema que se repete de varias maneiras sem cansar. Por exemplo, a moça de Cinquenta tons de cinza não deixa de ser uma Cinderela sendo iniciada por um Príncipe contemporâneo, imensamente rico e sensual. Num filme mais antigo, Uma linda mulher, uma prostituta de luxo é “salva” por outro príncipe também atraente e rico.
Costuma-se chamar de Cinderela uma mulher cuja “salvação” vem através de um homem. Apesar de ter trazido como exemplos filmes onde isso acontece, eu discordo dessa visão porque num conto de fadas tudo é simbólico, não literal. Podemos ver Cinderela como qualquer pessoa que está numa situação humilde, subestimada e desvalorizada, que recebe de alguém uma oportunidade para mostrar seu talento e com isso consegue virar o jogo. Cinderela pode ter qualquer sexo, a Fada Madrinha pode ser uma boa chefia ou uma professora que dá uma chance, e o casamento com o Príncipe ser uma brilhante carreira posterior.
Mas esse filme se atém ao tradicional, com um visual que vale a pena. Além da ótima Cate, destaca-se o figurino (em especial os maravilhosos vestidos da madrasta), a ambientação, a música e a direção de Kenneth Branagh, criativa nos limites que um filme da Disney permite. A cena da dança de Cinderela com o Príncipe é um show a parte. Se você curte o gênero, é uma delicia deixar-se levar durante duas horas por essa bela refilmagem da antiga fantasia, de raízes mais profundas do que aparenta.
Post de Bia Del Picchia |