Encare a vida como um poema, diz Joseph Campbell
Trazer as imagens poéticas da natureza, da arte e da mitologia para dentro da própria vida é o que faz a diferença, explica Campbell. É estar continuamente lançando pontes entre o belo reino encantado e o mundo cotidiano.
CAMPBELL: Eu penso na mitologia como a pátria das Musas, as inspiradoras da arte, as inspiradoras da poesia. Encarar a vida como um poema, e a você mesmo como o participante de um poema, é o que o mito faz por você.
MOYERS: Um poema?
CAMPBELL: Quer dizer, um vocabulário, não de palavras, mas de atos e aventuras, que conota algo transcendente à ação localizada, de modo que você se sinta sempre em acordo com o ser universal.
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MOYERS: E a poesia atinge a realidade invisível.
CAMPBELL: Aquilo que está além do próprio conceito de realidade, que transcende todo pensamento. O mito coloca você lá, o tempo todo, fornece um canal de comunicação com o mistério que você é.
Shakespeare disse que a arte é um espelho voltado para a natureza, e é isso mesmo. Natureza é a sua própria natureza, e todas essas maravilhosas imagens poéticas da mitologia se referem a algo dentro de você. Quando sua mente se deixa simplesmente aprisionar pela imagem ali fora, impedindo que se dê a referência a você mesmo, nesse caso você terá lido mal a imagem.
O mundo interior é o mundo das suas exigências, das suas energias, da sua estrutura, das suas possibilidades, que vão ao encontro do mundo exterior. E o mundo exterior é o campo da sua encarnação. É aí que você está. É preciso manter os dois, interior e exterior, em movimento. Como disse Novalis, “o pouso da alma é aquele lugar onde o mundo interior e o exterior se encontram”.
livro O PODER DO MITO, pg 69 e 79
Post de Bia Del Picchia