Campbell e a jornada do herói
O que julgo ser uma boa vida é aquela com uma jornada do herói após a outra. Você é chamado diversas vezes para o domínio da aventura, para novos horizontes. Cada vez surge o mesmo problema: devo ser ousado? Se você ousar, os perigos estarão lá, assim como a ajuda e a realização ou o fiasco. Existe sempre a possibilidade do fiasco. Mas existe sempre a possibilidade da bliss.
O ciclo completo, o modelo do monomito exige que o herói inicie o trabalho e traga de volta as runas da sabedoria, o velocino de ouro ou sua princesa adormecida de volta ao reino da humanidade, onde a dádiva possa ressoar para a renovação da comunidade, da nação, do planeta ou dos dez mil mundos.
…a bliss é aquela sensação profunda de estar presente, de fazer o que você decididamente deve fazer para ser você mesmo. Se você conseguir se ater a isso, já estará no limite do transcendente.
A partida original para a terra das provas representou, tão somente, o início da trilha, longa e verdadeiramente perigosa, das conquistas da iniciação e dos momentos de iluminação. Cumpre agora matar dragões e ultrapassar surpreendentes barreiras- repetidas vezes.
A recusa à convocação converte a aventura em sua contraparte negativa. Aprisionada pelo tédio, pelo trabalho duro ou pela “cultura” o sujeito perde o poder da ação afirmativa dotada de significado… Seu mundo florescente torna-se um deserto cheio de pedras e sua vida dá uma impressão de falta de sentido…
Isso nos leva a crise final do percurso, para o qual toda a miraculosa excursão não passou de prelúdio – tratasse da paradoxal e surpreendentemente difícil passagem do herói pelo limiar do retorno, que o leva do reino místico à terra cotidiana.