Buscando a simplicidade
Urge mudar nossa visão da vida que busque manter o planeta como um lugar habitável para o ser humano. Porque dizer que podemos acabar com a Terra, é uma tremenda onipotência: ela é maior que nós. Mas podemos sim, infelizmente, transformar esse lindo planeta em um lugar em que a vida humana e outras formas de vida sejam inviáveis. O que seria, além de uma enorme pena, de uma insensatez tão imensamente estupida que chega a parecer impossível que alguém concorde com ela. É preciso achar uma forma sustentável de viver.
Mas infelizmente o que prepondera no mundo é a visão de que o correto e desejável é se buscar um crescimento econômico crescente, com a elevação do padrão de vida material através do aumento do consumo de bens industrializados; que é dessa forma alcançaremos o desenvolvimento global, que será compartilhado por todos.
Esse tipo de vida não é sustentável no tempo! Os recursos naturais não são inesgotáveis, estamos danificando de forma extrema nosso habitat com os efeitos de nossas ações, aumentando de maneira gritante a desigualdade entre nós, destruindo a rica diversidade, acabando com espécies e culturas e transformando nossas vidas em algo sem Sentido, nem Significado. Não somos mais pessoas, sequer cidadãos, somos meros consumidores de bugigangas caras e de vidas plastificadas e fakes, disseminadas pelas redes sociais.
Precisamos de uma radical transformação no entendimento de quais são as nossas reais necessidade e de como podemos atendê-las. Precisamos tomar consciência que o que nos traz uma boa vida – tirando aquelas que são realmente necessárias para se viver de forma digna – nunca são coisas. E que a busca de uma vida simples é na verdade uma libertação do círculo vicioso de “trabalho-consumo-dívida-mais trabalho”, que pede sempre um aumento crescente de cada um de seus componentes.
A simplicidade voluntária é uma libertação do consumismo e não privação ou ascetismo. Essa é uma forma de poupar, mesmo que no miudinho, nossa Mãe Terra. E muitos miudinhos juntos podem formar uma multidão. É como diz um antigo ditado africano: “muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudará a face da Terra”.
Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2