A FASE DE CRISÁLIDA
Viver é transformar-se! A cada dia, a cada mês, ano ou década precisamos sempre nos reinventar, mergulhando cada vez de forma mais profunda dentro de nós e em nossas experiências.
É ao surpreendermos a nós mesmos e enxergarmos facetas e possibilidades que nem tínhamos idéia de existir que permanecemos vitais!
Temos sempre que nos desconstruir para nos construir de forma mais autêntica e madura, temos sempre que “morrer” para de fato continuarmos VIVOS!
Só que muitas vezes sabemos que estamos mudando e que temos que mudar, mas não sabemos para onde vamos, muito menos onde iremos chegar: é como se andássemos às cegas! Parece que não temos mais mapas e o GPS recusa-se a funcionar; as referências se foram! O velho já foi e o novo ainda não nasceu!
Vivemos na fase de crisálida*, onde não somos mais lagartas mais também não somos ainda borboletas. E, muitas vezes, como crisálidas temos que ficar quietas, meio imóveis esperando que o processo de transformação ocorra.
E como é difícil, para nós, suportar esses momentos: suportar o não saber, o não agir, o não controlar! Na nossa falta de fé na vida, não confiamos no processo e no deixar fluir. Na nossa cega crença que tudo devemos planejar, controlar, ter metas e total clareza, deixamos escapar experiências vitais como são esses momentos de “vazio”.
O caminho em direção à nossa mais profunda individualidade é sempre composto de Luz e Sombra. E, é na aceitação dessa totalidade que podemos cumprir o mais profundo destino: sermos nós mesmos em todas as nossas nuances.
Muitas vezes é nesses tempos de “escuro”, do NÃO SABER, que está a fonte onde o novo e o criativo estão sendo gestados!
Como diz Joan Borysenko, em seu livro Uma jornada para Deus: “Períodos de “não-saber” são parte do cenário de tornar-se autenticamente íntegra, em contato com o poder e a autoridade interiores”.
Sustentar esses momentos faz parte da jornada heróica de nos tornarmos nós mesmos!
Texto e ilustração de Cristina Balieiro
* Crisálida: Terceiro estado do ciclo de vida da borboleta. Quando a lagarta atinge o seu desenvolvimento completo, solta a pele e produz a dura casca protetora da crisálida. A crisálida fica pendurada numa almofada de seda, presa por uma espécie de gancho ou ainda por uma faixa de seda que envolve o seu corpo. Não possui casulo. O corpo da borboleta se desenvolve sob a casca da crisálida. Finalmente, a casca se rompe e a borboleta sai. – Dicionário online português
Esse artigo foi publicado anteriormente no site http://www2.uol.com.br/vyaestelar – na categoria A MULHER E O MITO, na qual escrevo quinzenalmente.