A escuta, troca e partilha dos círculos são cura recíproca
Nesse trecho do livro as entrevistadas Soraya Mariani, Marisa Sanabria e Patrícia Pinna Bernardo falam sobre o espelhamento que acontece nos bons círculos de mulheres:
“Ao ouvir as outras com atenção, aceitação e apreciação, as mulheres podem se curar mutuamente. Jean Shinoda Bolen (1996, p. 105) diz que, “ao ouvir com compaixão, validamos a vida uma da outra, tornamos significativo o sofrimento e ajudamos a fazer com que ele dê lugar ao processo de perdão e cura”.
Soraya acentua o poder das trocas de falas e escutas: “A partilha é a cura, é o momento do espelho e da aceitação. É um momento em que você pode ser você mesma numa sociedade que lhe pede para ser tantas coisas que não são você. Quando a gente fala qualquer coisa, mesmo que seja pequena, mas que é real, muda alguma coisa aqui dentro de nós”.
Marisa conta que nos círculos cada uma fala da própria identidade e da própria subjetividade partindo do conhecimento, da experiência do outro. A experiência do outro traz uma experiência para mim e aí eu me identifico: “Esses grupos estruturam as subjetividades. A outra me espelha, eu espelho a outra: juntas vamos aumentando o autoconhecimento e a autoaceitação, ampliando nossa compreensão sobre a história das mulheres,
nos legitimando e nos fortalecendo”.
E Patrícia Pinna: “E é a questão da ética, da valorização do humano, da comunicação não violenta, desse olhar “eu sou o outro de você e você é outro de mim”. E esse ver o outro como meu espelho é feminino, o espelho é o feminino! Todas as mulheres têm esse espelhamento mútuo. É você poder olhar a natureza e se ver nela, e se ver como parte dela. Sem esse olhar feminino, a humanidade e nosso planeta correm um sério risco de se autodestruir”.