Janis Joplin, a espetacular patinha feia
Janis era uma cantora de blues espetacular, como você pode ver no clip, e ao mesmo tempo foi uma patinha feia em seu meio natal no interior dos EUA.
Abaixo a visão inspirada de Clarisse Pinkola sobre ela e outras que se foram tão jovens. Amy Winehouse foi a mais recente representante dessa linhagem de mulheres feridas e talentosas.
“Janis Joplin, uma cantora de blues da década de 60, é um bom exemplo de uma mulher braba cujos instintos se viram prejudicados por forças alquebradoras do espírito. Sua vida criativa, sua curiosidade inocente, seu amor pela vida, sua atitude irreverente para com o mundo durante os anos do seu crescimento eram impiedosamente criticados pelos seus mestres e por muitos dos que a cercavam na comunidade batista de meninas brancas “bem-comportadas”, no sul dos Estados Unidos.
Embora fosse excelente aluna e pintora talentosa, era repudiada pelas outras meninas por não usar maquiagem e pela vizinhança por ouvir jazz e gostar de escalar uma formação rochosa fora da cidade para ficar lá cantando com seus amigos. Quando afinal fugiu para o mundo dos blues, era uma pessoa tão carente que não sabia mais dizer quando era a hora de parar. Ela não tinha limites no que dizia respeito a sexo, bebidas ou drogas.
Há algo em Bessie Smith, Anne Sexton, Edith Piaf, Marilyn Monroe e Judy Garland que apresenta o mesmo padrão de instintos prejudicados pela fome da alma: a tentativa de “se ajustar”, a tendência à intemperança, a impossibilidade de parar. Poderíamos trazer uma longa relação de mulheres talentosas de instintos feridos que, num estado de vulnerabilidade, fizeram escolhas infelizes.
Janis Joplin começou também a realizar os desejos selvagens de outras pessoas. Ela assumiu uma presença arquetípica que os outros não tinham coragem suficiente para assumir. Eles aplaudiam nela a rebeldia como se ela pudesse libertá-los sendo selvagem no lugar deles.
Janis fez mais uma tentativa de se adequar antes de começar seu longo mergulho no comportamento obsessivo. Ela se juntou às fileiras de outras mulheres vigorosas, porém feridas, que se descobriram funcionando como xamãs para as massas. Elas, também, ficaram exaustas e caíram dos céus. Frances Farmer, Billie Holiday, Anne Sexton, Sylvia Plath, Sara Teasdale, Judy Garland, Bessie Smith, Edith Piaf e Frida Kahlo — é triste que a vida das nossas figuras-modelos de mulheres selvagens e artísticas preferidas tenha terminado de forma trágica e prematura.”
Clarissa Pinkola Estes, livro Mulheres que correm com os lobos.
Post de Bia Del Picchia
Legal ! Eu conheço pouca das músicas dela,preciso conhecer mais! A Frida eu ja era fã,mas fui esses dias na exposição dela e fiquei fascinada!!! Ela coloca a alma mesmo nos quadros,é dmais….
É fascinante quando um artista coloca a alma no que faz, é completamente diferente dos que visam prioritariamente a grana e o sucesso. Frida e Janis eram assim, se jogavam no que faziam. Tb as admiro muito!