O Mágico
Esse filme conta a história de um mágico que, depois de perder o emprego num teatro de Paris, sai em viagem apresentando seu espetáculo pela Inglaterra e Escócia.
Pela estrada vai encontrando diversos tipos, como o palhaço bêbado, o ventriloquista, acrobatas, e começa uma amizade com Aline, uma jovem que se encanta com seu encantamento e acredita que ele faça, de fato, coisas mágicas.
Mas é um mundo em transformação que ele encontra, onde o rock começa a aparecer e os velhos truques já não funcionam tão bem. Nesse ponto lembrou-me Bye Bye Brasil, um cult filme nacional de 1979, que para quem nunca viu também recomendo fortemente.
O roteiro é adaptado de um argumento de Jacques Tati, um comediante francês maravilhoso de estilo non sense (alguns filmes: Mon Uncle, As Férias de Mr. Hulot), e a própria silhueta do personagem principal é a dele. Quando foi desenganado,Tati mandou esse trabalho para a filha que até então tinha se recusado a reconhecer.
O Mágico remete ao Mago do tarô, o sujeito que faz as coisas acontecerem, só que aqui ás próprias custas. O titulo em francês é O Ilusionista, que significa aquele que ilude, diferente daquele que faz mágicas. Há toda uma discussão sobre a realidade e a ilusão, que aparentemente se decide por uma resposta mas, como um bom truque, não me parece a palavra final.
É tão lindo esse desenho para adolescentes e adultos e tão grande a força do Mágico que, como Aline, nós também acreditamos nele, e queremos fazer essa viagem. É uma poesia, quase sem diálogos, mas em nenhum momento monótono. Pura magia!
Texto de Beatriz Del Picchia