Poesia é remédio – Muros, de Konstantinos Kaváfis
As vezes nos sufocamos devagar, aos poucos, sem perceber…
Há remédios preventivos para isso.
Essa poesia é um deles.
Para absorve-la corretamente, recomendo que leia essa poesia em pé, em hora que esteja bem desperta, de olhos abertos e ouvidos atentos.
E atenção: os efeitos colaterais dessa poesia podem ser atingir seriamente alguns parentes e namorado(a)s, empregos bem remunerados, endereços confortáveis.
Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar
Ergueram á minha volta altos muros de pedra.
E agora aqui estou, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio a mente me depreda.
E eu que tinha coisa por fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.
Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.
Konstantinos Kaváfis