Poesia é remédio – Uma Didática da Invenção, de Manoel de Barros
Essa é uma receita poderosa de Manoel de Barros para quando nos sentimos donos da verdade, importantes, arrogantes, o “egão” nas alturas: quando ficamos “metidos a besta”!
Essa poesia, lida devagar e em voz baixa, é tiro e queda: desce uma serena humildade, aceitamos que somos “só” poeira de estrelas e que a Vida é, acima de tudo, Mistério!
Uma Didática da Invenção (trecho)
Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.
etc.
etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.