Hino órfico a Perséfone
Continuando nossa “viagem” no mito de Deméter/Perséfone, esse é um hino órfico – um conjunto de 87 poemas, atribuídos ao poeta lendário Orfeu, mas provavelmente escrito por vários poetas – a Perséfone. A ilustração é uma antiga que fiz da Deusa, quando comecei a trabalhar com seu simbolismo em grupos de mulheres, em 2008.
Perséfone, filha do grande Zeus, vem, venturosa
Deusa unigênita, e aceita, grata, os sacrifícios!
Esposa muito honrada de Plutão, diligente doadora da vida
que reges os portais do Hades nos recônditos da terra;
Justiceira de adoráveis tranças, puro rebento de Démeter,
mãe das Fúrias; rainha subterrânea,
donzela que Zeus engendrou em união clandestina;
mãe do altitroante multiforme Eubuleu,
lucífera de esplêndida forma que brinca com as Horas,
onipotente insigne, donzela florescente de frutos,
brilhante e com cornos deusa, só tu és desejada pelos mortais;
na primavera te agradas com as brisas dos prados,
e revelas sua sagrada forma no desabrochar dos verdes frutos;
no outono, te tornaste noiva, levada à força ao leito;
És a vida e a morte para os mortais sofredores,
Perséfone! Sempre alimentas a todos, e a todos aniquilas;
Ouve-me, venturosa deusa, envia-nos os frutos da terra
viçando em paz e saúde generosa,
e trazendo na velhice uma vida afortunada, soberana,
em teu reino e no de Plutão poderoso.