O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Afrodite e a beleza


A primeira lição que Afrodite nos oferece é a importância da beleza. Em nossa vida atual, tão atribulada, tendemos a achar perda de tempo e inutilidade prestar atenção aos detalhes que podem trazer “boniteza” à nossa vida e não temos olhos para apreciação do belo. Muitas vezes até nos esquecemos disso e não percebemos como a feiura entristece a alma.
É a beleza, que pode estar presente nos pequenos detalhes do cotidiano, o que traz graça à vida. As cores, os aromas, as formas belas daquilo que nos cerca, a música e a arte podem alimentar nossa alma. Rodear-nos de coisas bonitas na nossa casa, no nosso ambiente de trabalho, na comida, nas roupas, nos detalhes da decoração, no dia a dia, onde for possível, nos ajuda a viver de uma forma mais alegre e prazerosa. E não tem nada que ver com aquisição de coisas caras, é simplesmente colocar atenção e permitir-se a fruição daquilo que é bonito.

Outra questão para a qual Afrodite nos chama a atenção é a forma como lidamos com a beleza feminina e com os nossos corpos hoje. Vivemos
em uma cultura, especialmente em nosso país, na qual o corpo da mulher é visto como objeto e um objeto que lhe confere um valor. Quanto mais seu corpo se aproximar de um dos modelos ideais – de um lado um corpo adolescente, magérrimo e meio andrógino; ou de outro, um corpo “sarado, bombado, marombado”, cheio de músculos – mais a mulher “vale” sob o ponto de vista mercantil. Como se a beleza plastificada, rotulada como desejável, fosse moeda de troca. Para alcançar isso qualquer sacrifício deve ser feito, por mais absurdo que seja. É preciso “domar”, consertar, subjugar o corpo para que ele se torne perfeito, encaixado no modelo.
Isso é negar completamente Afrodite! A beleza que a Deusa ama é como a das flores, todas totalmente diferentes entre si e cada uma bela a sua maneira. E belas porque vivas.
Se pensarmos na nossa beleza dessa forma, vamos aceitar nosso corpo, cuidando dele, claro, mas sem querer transformá-lo em outro corpo. Descobrir que ele é primeiramente uma fonte de prazer que nos permite viver de forma sensual e “encarnada”. E que podemos aceitar a passagem do tempo e aprender a descobrir novas maneiras de saborear a vida por meio dos sentidos. É um se gostar e se achar bonita porque se é única e se ama estar viva. Essa beleza tem uma dimensão magnética, pois é plena de força vital.

Trecho do livro O LEGADO DAS DEUSAS

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