A dança das polaridades
Nu Wa, a deusa taoista chinesa, nos ensina a aceitar e lidar com atitudes opostas na vida: atividade X receptividade, objetividade X subjetividade, pensamento linear X pensamento circular, foco X diversificação, extroversão X introversão, discriminação X inclusão, competição X cooperação, racionalidade X emocionalidade, planejamento e controle X deixar fluir.
É interessante observar quanto o segundo elemento de cada par de opostos é considerado, em nossa cultura, menos importante e menos valorizado do que o primeiro. Ao mesmo tempo, estão todos associados a características do Feminino. Mesmo com todas as conquistas de espaço das mulheres no dito mundo masculino, tendemos também a ver as segundas atitudes dos pares de opostos como denotações de fraqueza, vulnerabilidade. Assim, fugimos delas. Mas essa é uma visão unilateral. Todas essas atitudes não são certas ou erradas, fortes ou fracas: dependem da situação a que se relacionam. Ver uma atitude como melhor do que a outra é ter uma visão limitada e empobrecida da vida, o que fortalece ainda mais essa cultura desequilibrada em que estamos vivendo. Além disso, não se trata de atitudes femininas ou masculinas, mas humanas.
Assim como não faz o menor sentido dizer que o quente é melhor do que o frio, que a noite é superior ao dia, que o escuro vale mais do que o claro, também não faz o menor sentido dizer que uma atitude em si é melhor, superior ou vale mais do que a atitude oposta.
(…) Como nos mostra Nu Wa, a criatividade vem da relação entre os opostos. É o eterno jogo do Yang contido no Yin e do Yin contido no Yang, como no símbolo Tei-Gi, do taoísmo, no qual um círculo se divide como dois peixes invertidos, um preto e um branco, e no preto há um pequeno círculo branco, e no branco, um círculo preto.
É no saber dançar com as polaridades da vida e na vida que reside a verdadeira sabedoria!
Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS