A primeira escritora da história foi uma prostituta sagrada
A primeira escritora que se tem registro foi uma alta sacerdotisa da deusa Inana, o que significava ser uma prostituta sagrada. Nasceu na Suméria em 2300 AC e seu nome era Enheduana. Deixou uma longa poesia em tabuinhas de barro que é quase um diário pessoal.
Ali ela conta sua adoração à Deusa, as politicagens do Templo, sua expulsão do cargo (por um tipo de reengenharia da época, acredite!) e seu retorno a ele. Alguns trechos do diário de Enheduana:
Quando ela reza à Deusa das essências divinas:
Ó minha senhora, guardiã de todas as boas essências,
Tu as reunistes e as fizestes emanar de tuas mãos,
Tu colhestes as essências santas e as trazes contigo,
Apertadas em teus seios
Ela também briga com a Deusa quando as coisas não vão bem:
Ó deusa primeira,
Inana, deusa da lua, que reina sobre o céu e a terra!
Teu fogo espalha-se e cai sobre a nossa nação
Senhora montada numa fera…
Quem pode compreender-te?
Quando a Deusa se retira da vida das pessoas não há
mais amor:
Tu abandonastes o celeiro da fertilidade
As mulheres da cidade não falam mais de amor com seus maridos
De noite, elas não fazem amor.
Elas não se despem mais diante deles…
Quando Enheduana é afastada das funções, queixa-se à Deusa:
Tu pediste-me para entrar no claustro santo
E eu entrei nele, eu, a alta sacerdotisa Enheduana!
Eu carreguei a cesta do ritual e cantei em teu louvor
Agora encontro-me banida, em meio aos leprosos
Nem mesmo eu consigo viver contigo.
Mais tarde, quando recupera o cargo:
A primeira senhora da Sala do trono
Aceitou a canção de Enheduana
Inana a ama novamente
O dia foi bom para Enheduana, pois ela vestiu-se de joias
Com a beleza própria das mulheres.
Da soleira da porta celeste veio a palavra:
Bem vinda!
No post da proxima segunda trago mais informações históricas sobre a prostituta sagrada e as sacerdotisas da Lua
Fonte: A prostituta sagrada, a face eterna do feminino – Nancy Qualls-Corbett, Coleção Amor e Psique, Ed. Paulus