Entrevista com SWAMI NARDANAND: um mestre desperta o que vai conduzir a pessoa para sua plenitude
Nos vários encontros que tive com Swami Nardanand saí impressionada com a calma simplicidade com que expõe coisas profundas, com seu porte espiritual e com sua alegria, qualidade que nem sempre vemos num grande mestre de qualquer linha. Mas alegria e senso de humor tem tudo a ver com ele, que afirma que devemos “fazer os chacras sorrirem”…
Depois de anos de estudo que incluíram ioga, sânscrito, filosofia, e de aprofundar-se em diversas técnicas para buscar a iluminação – “estava interessado em experenciar os vários estados de samadi”– Swami Nardanand iniciou-se em Shaktipat, antigo sistema vedanta que desperta a energia divina interna. Então “senti como se estivesse num mundo diferente… Começou um processo de diferentes sentimentos e sensações vindas da abertura dos chakras.”
Com o tempo ele tornou-se um mestre Shaktipat, mas ressalta que “nesse sistema o mestre não ensina alguma coisa vinda de fora, ele simplesmente desperta aquilo que a pessoa ou o discípulo tem e que vai conduzi-lo para sua plenitude. ”
Anos depois, num grave estado de saúde devido à malária que não cedia aos medicamentos, Swami Nardanand preparou-se para desencarnar num estado elevado de consciência pois “as escrituras dizem que se a pessoa desencarna com uma consciência elevada, na próxima vida ela pode vir num ambiente mais elevado”. Mas meditando numa caverna, inesperadamente ele teve a intuição de fazer uma formula com ervas locais. Com isso curou-se “de tudo que é febre e doença desse tipo desde então” e foi estudar mais, tornando-se também mestre Ayurveda.
Trazido para o Brasil por Swami Satya Ma, cuja entrevista estará aqui semana que vem, ele faz satsangs (encontros com mestres), dá iniciações Shaktipat e está construindo um Ashran (monastério) em Natal, onde vai se estabelecer. Para saber mais acesse http://siddhamahayogadobrasil.blogspot.com.br/ ou sua página no facebook.
DESDE CEDO EU ESTAVA INTERESSADO EM EXPERENCIAR OS ESTADOS DE SAMADI
Swami Nardanand nasceu numa pequena aldeia da Índia onde morou com a família até os 12 anos de idade, quando o respeitado Swami Lakshamananda visitou o lugar. Impressionado com aquele menino diferente dos outros, Swami Lakshamananda pediu permissão aos pais para que ele fosse estudar em Haridwar, uma grande cidade indiana. Assim o garoto partiu para morar num internato, onde além da formação escolar padrão estudou ioga, sânscrito, espiritualidades e filosofia. Com 14 anos iniciou-se como monge e ao finalizar os estudos estava ainda mais envolvido com meditação:
Eu estava particularmente interessado nos estudos de samadi (estado elevado de meditação) – e existem muitos estados de samadi! Eu queria experenciar esses estados, então tive contato com vários Swamis. Isso seguiu assim até que conheci Swami Shivon Tirth Maharaji, que é do Shaktipat. Ele tinha o poder de despertar a kundalini, a energia divina nas pessoas, e disse que poderia ajudar-me a descobrir quem eu realmente era.
SEM TER IDEIA DO QUE SOMOS POR DENTRO A GENTE OLHA PARA FORA, O QUE NÃO DÁ SATISFAÇÃO
Todos temos essa energia divina, mas as pessoas não sabem lidar com isso porque são muito extrovertidas e é difícil introverter para conseguir acessar essa energia. Precisamos de muitas vidas, na realidade, para conseguir introverter. Introverter é olhar para dentro, é conseguir ver e aproveitar o que temos e somos. Nós temos muitas coisas por dentro das quais não temos ideia. Temos os nadis (os canais de energia, que são vários), os chacras…. Quando a pessoa introverte ela é capaz de perceber e experenciar essas energias internas, o que dá muita satisfação. Dá muito poder, muita satisfação. Só que não é fácil conseguir.
A maioria das pessoas são insatisfeitas e estão buscando a satisfação, mas não conseguem isso porque não conhecem o que são de verdade. Sem ter ideia do que somos por dentro a gente olha para fora, mas a pessoa só pode realmente achar satisfação e felicidade com o que tem por dentro, com esse tesouro.
Então nós temos que tomar consciência de nosso sistema interno e assim encontrar a plenitude, porque com as coisas externas ninguém pode ser feliz. O conceito que temos de Deus: é Deus está dentro da gente. Nós temos que abrir nossos chakras. Os chakras são como flores… E quando se consegue abri-los pode-se ter a completude, a plenitude da vida. Isso é a iluminação, a sabedoria superior, a realização da nossa divindade interna.
INICIAÇÃO: O MESTRE NÃO ENSINA ALGUMA COISA VINDA DE FORA, ELE SIMPLESMENTE DESPERTA
Quando Swami Nardanand recebeu a iniciação Shaktipat através de Swami Shivon Tirth Maharaj, começou a passar por um processo de diferentes sentimentos e sensações vindas da abertura dos chakras. Ele conta que sentiu como se estivesse num mundo diferente, num mundo extraterrestre ou algo assim:
Esse é o processo Shaktipat da Siddha Maha Yoga. É muito abençoado, muito! E dá resultados rápidos, não precisa que se faça práticas espirituais por um monte de anos. O nome Siddha Maha Yoga significa o self grande e completo, o que não precisa nada de fora, e só com isso a gente já está completo. Na hora que nosso sistema introvertido desperta a gente pode sentir lampejos de nossa verdadeira natureza. Nesse sistema o mestre não ensina alguma coisa vinda de fora, ele simplesmente desperta aquilo que a pessoa ou o discípulo tem e que vai conduzi-la para a sua plenitude.
MUDRAS ESPONTANEOS E PODEROSOS
Às vezes, com o despertar, espontaneamente a pessoa já passa a fazer diferentes tipos de mudras (gestos e posições corporais associados às energias). Por exemplo o de colocar a língua invertida, para dentro. Com esse mudra e num estado desperto a pessoa consegue sentir como se estivesse recebendo um néctar interno. Outro mudra é o que os dois olhos focam no terceiro olho. E isso é muito bom, muito forte. Proporciona que se comece a ficar livre, por exemplo, de medos, de raiva, do ego, da ganância, do ódio. A pessoa sente como se tivesse o céu dentro…. Nesses diferentes tipos de mudras vai acontecendo o despertar.
Mas normalmente aprender sobre os mudras toma muito tempo. E mesmo que a pessoa consiga fazê-los no nível físico, mesmo que faça a correta posição, a energia dos mudras é muito difícil de alcançar. Mas quando vem do próprio Shakti – energia ou poder interno – o mudra vem perfeitamente e sem erro, de modo natural e trazendo a plenitude dos seus benefícios. E aí tudo que é necessário a nosso sistema acontece automaticamente.
SHAKTI É COMO UMA MÃE QUE DÁ TODA PROTEÇÃO
Esse Shakti, esse poder que a gente tem, é onipresente, onipotente, onisciente. Ele sabe o que é necessário para o progresso espiritual do praticante e vem sem nenhum prejuízo, sem fazer nenhum mal. É mencionado nas escrituras que esse Shakti é como a mãe que já dá toda a proteção, tudo o que é necessário. Então, dessa forma, rapidamente a pessoa pode atingir lampejos da iluminação. Sugiro que você entreviste as pessoas para saber o que está acontecendo com quem já está experimentando isso…
Todas as estruturas religiosas falam sobre o céu, o paraíso. Com o Shaktipat o paraíso é agora, nessa vida aqui. Normalmente se fala: “Depois de morrer, você vai para o céu” Mas se você sentir o paraíso nessa vida, sua vida já é bem-sucedida agora, no presente.
APRENDIZADO NAS CAVERNAS DOS HIMALAIAS
Swami Nardanand viveu vários anos meditando em cavernas nos Himalaias. Diz que as cavernas são lugares particularmente bons para fazer as práticas, porque ali automaticamente a mente fica mais quieta:
Você pode ver isso, por exemplo, com as cobras. As cobras não conseguem ficar quietas, elas se mexem o tempo todo. Mas quando estão em buracos elas dormem, ficam quietinhas na mesma posição por muito tempo. A mente é igual: no subsolo, sob a terra, automaticamente a mente fica quieta. As cúpulas e domos também são boas para se meditar porque a energia circula melhor em formas assim e automaticamente a mente se aquieta.
É por isso que seu Ashram da Índia e o que está sendo feito em Natal tem a forma de domo com nove metros de diâmetro. Todas essas informações vieram para ele nas meditações.
MORRER É IGUAL A MUDAR DE ROUPA
A morte acontece apenas no nível físico. O corpo morre e o espírito pode ir para outro corpo. E nas meditações eu tive várias experiências, percebi/senti minhas vidas anteriores. Na meditação profunda as pessoas podem se conectar com o passado e também com o futuro.
Não há razão para medo. A morte é igual a mudar de roupa. Quando a roupa fica velha, a gente muda de roupa. Vida e morte também são assim, e o medo só existe porque não se tem consciência disso.
Quando se faz uma meditação profunda pode-se ver a diferença entre Atman, que é, digamos, a alma, e o corpo. E algumas vezes pode-se inclusive separar o Atman do corpo. Muitos iogues podem fazer isso, e numa meditação profunda você pode perceber que isso é possível. Isso não é um conhecimento, não é uma coisa que se aprende lendo, é uma coisa que pode acontecer numa meditação profunda quando se atinge esse nível.
Mas não como não se tem a menor ideia disso, as pessoas têm tanto medo da morte e de doenças. Quando introverte esses medos vão embora, e a pessoa sem medo pode ser mais feliz e aproveitar mais tanto a vida externa como a vida interna.
NA MEDITAÇÃO ESCREVI FÓRMULAS PARA FICAR LIVRE DA MALÁRIA
Em 1970 eu tive uma malária muito grave que atingiu o cérebro, uma febre cerebral. Eu tomava medicamentos e ficava bem algum tempo, mas a malária voltava todo o mês. Ela fazia um ciclo e retornava. Eu tomava o remédio, ela voltava, eu tomava, ela voltava.
Achando que ia desencarnar, decidi fazer o máximo de meditações que conseguisse. As escrituras dizem que se a pessoa desencarna com uma consciência elevada, na próxima vida ela pode vir num ambiente mais elevado onde pode continuar fazendo sadhana (praticas espirituais) e continuar se desenvolvendo. Então resolvi fazer o máximo de meditação possível, para ir dessa forma.
Mas nessas meditações os meus olhos se abriram, peguei um caderno e escrevi algumas fórmulas para ficar livre da malária… Eu simplesmente escrevi algumas ervas numa fórmula. Fiz essa fórmula, tomei e desde então não tive mais malária! Também não tive dengue, nada! Nenhuma febre… Zica, nada de zica. [Risos]. Esta medicação de ervas curou todos os tipos de doenças e febres desse tipo.
Então, daí para a frente fiquei muito sensível ao contato com ervas, e podia perceber ervas e fórmulas para outras coisas. Antes eu não tinha muito interesse em Ayurveda, mas depois disso fiquei interessado, fui estudar e tornei-me mestre Ayurveda. ”
ESTÁ NA HORA DE EU IR PARA O BRASIL, E É VOCÊ QUE VAI ME LEVAR
Em 2009 Swami Satya Ma (que ainda era apenas uma brasileira interessada na cultura indiana) estava em Rishikesh quando conheceu Swami Nardanand através de um amigo comum indiano. Recebeu a iniciação e acabou trazendo Swami Nardanand para o Brasil, pois ele lhe disse: “Está na hora de eu ir para o Brasil e é você que vai me levar. ”
Eu senti isso depois que conheci a Swami Satya Ma. Aqui é muito aberto, no Brasil as pessoas estão procurando um bom caminho, e esse é um caminho simples…. Achei que poderia dar essa oportunidade para os brasileiros e isso estava de acordo com os sentimentos da Swami Satya Ma.
Então propusemos uma coisa permanente, esse Ashram, aqui no Brasil. E surgiu esse lindo lugar em Natal que foi doado para a Siddha Maha Yoga e fizemos uma linda cúpula lá, uma construção especial onde a pessoa pode sentir muita energia e fazer muito progresso. O Brasil é um país muito bonito e as pessoas são bem bacanas, simpáticas. É uma atmosfera… O primeiro Ashram (dessa linha) do ocidente é esse aqui, em Natal.
As pessoas estão muito interessadas, tão fazendo os sadhanas bastante seriamente. Terminamos um agora, muitas pessoas que fizeram o retiro vão novamente para outros… Eles vão porque se sentiram super bem. Inclusive pessoas de outros países vieram para esse retiro, porque nos retiros dá para fazer muito mais progresso.
Depois da iniciação se faz as práticas porque a energia já foi despertada e você pode continuar num caminho de progresso, e o progresso se multiplica muito rapidamente. O mestre entra para despertar a Shakti e depois a coisa vai.
Swami Satya Ma – “Entendeu? Ele me escolheu para traze-lo para cá. E eu aceitei porque eu estava interessada em compartilhar isso, de dar aos brasileiros a mesma oportunidade que tive, né? ”
Mas essa história fica para a semana que vem, quando trarei aqui a entrevista dela.
Sw. Nardanand’s stories change. No one can know what is true with him and what is not true. Sometimes he tells he used to live alone in the jungle. Now he tells he lived in caves in the Himalayas.
Steve, he is an old Indian guru and had time to do many things. It seems he lived alone in the jungle for some time and he lived in caves in Himalayas in another occasion. No trouble with that, isn´t?