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O Feminino e os livros: HANNA E SUAS FILHAS

Mais um livro de ficção: HANNA E SUAS FILHAS –  que não tem nada a ver com o filme do Woody Allen, “Hannah e suas irmãs” – escrito pela sueca Marianne Fredriksson e lançado no Brasil, pela editora Objetiva, em 1998.
Ele conta ficcionalmente a história de 3 gerações de mulheres, que vivem entre o final do século IX até o final do século XX, na Suécia. A autora, no prefácio, faz questão de afirmar que o livro não é autobiográfico e que as três mulheres são produto da sua imaginação. As protagronistas são Hanna, a avó, que nasce em 1871 e morre em 1964, Johanna, a mãe, que nasce em 1902 e morre em 1987 e Anna, a filha, nascida perto da época da segunda guerra e que é quem escreve a história.
O livro começa com uma introdução quando Anna, já na meia-idade, vai visitar sua mãe, Johanna, que está num asilo com Alzheimer. É um encontro muito dolorido. Depois dele, Anna, que mora em Estocolmo e é uma escritora, com duas filhas adultas e netos vai para a casa dos pais em uma cidade litorânea, onde também se localiza o asilo. Lá, no meio de inúmeras recordações se depara com uma foto antiga da avó materna, Hanna e começa a se perguntar quem foi, de fato, aquela mulher.
Começa então o capítulo da história de Hanna, nascida no final do século IX, numa pequena aldeia rural na divisa com a Noruega, época muito difícil, de muitas privações materiais, com costumes antigos e onde as mulheres eram fortemente subjugadas. É uma história bem forte – ela é estrupada por um primo quando tinha 12 anos, engravida, tem o bebê, é tratada como prostituta, depois um homem, viúvo e mais velho e que não era da sua aldeia, casa-se com ela e adota seu filho como dele. Ela tem mais 4 filhos com esse homem e a caçula é Johanna. Depois que o marido morre mudam para a cidade. A história vai do seu nascimento até sua morte quase aos 90 anos e é toda focada nela e contada sob a ótica dela.
Depois vem um interlúdio, novamente com Anna, que decidiu escrever um livro sobre a história da mãe e da avó. Ao mesmo tempo parte da história de vida de Anna é contada: está em crise com o marido de quem já se divorciou e casou de novo e que vem colecionando casos.
No próximo capítulo vem a história de Johanna, da sua vinda para a cidade na infância, a relação difícil com a mãe, seu casamento, as dificuldades com o marido, seus inumeros abortos espontâneos, o nascimento de Anna, a guerra, suas posições políticas, seu envelhecimento, até sua doença. Todos os fatos descritos sob a ótica da Johanna.
E o livro termina com o epílogo, com a morte da Johanna e com Anna, novamente como protagonista, terminando de escrever o livro, vendendo a casa dos pais e se apaziguando consigo, com o marido, as filhas e com sua história.
Os fatos externos são contados, mas concomitantemente também é contado o que acontece no mundo interno das três personagens: sua dúvidas, inseguranças, seus temores, suas resoluções, suas conquistas, suas dores e alegrias.
É admirável como a autora consegue dar uma “voz”diferente para cada uma das três personagens.
O livro tem uma força e uma poesia incríveis! Muitas das questões enfrentadas por nós estão de alguma forma representadas nas histórias dessas três mulheres. A questão do que é ser mulher e de como isso pode trazer dor, seja por causa da sociedade, seja por causa do destino biológico de engravidar, parir e cuidar, as questões do amor e o casamento para as mulheres versus a busca de liberdade e autonomia e a ambiguidade entre o profundo amor e a profunda incompreensão entre mães e filhas, perpassa cada trecho escrito.
É também mostrado claramente a enorme transformação social nos papéis das mulheres ao longo do século XX. Mas, para mim, o mais comovente é ver a força da teia da ancestralidade feminina.
Li esse livro no final de 2007 e amei! Reli agora, no final de 2012 para redigir esse post e amei novamente! Para mim, é um livro lindo, lindo, lindo!
 
Texto de Cristina Balieiro

5 comentários

  1. Acho que vc vai adorar! Depois me conta.
    Abc
    Cris

  2. Regina disse:

    Ai ai ai… preciso ler esse livro.

  3. Eveli disse:

    Livro lindo!!!
    Vale a leitura!!!

  4. Não é mesmo maravilhoso, Eveli?

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