A busca pelas heroínas – parte 2
Buscávamos mulheres que tivessem uma relação com a dimensão sagrada da vida, mas também com a marca da singularidade.
Descobrimos que a busca da autenticidade traz, em seu bojo, um mistério.
A lealdade ao mais profundo de si e a experiência pessoal da dimensão espiritual da vida se mesclam. No processo da pessoa tornar-se única, quase como paradoxo, ela encontra o todo, conecta-se a grande rede da vida e defronta-se com o sagrado.
E sagrado como significado: aquilo dá a vida intenção ou propósito. Sagrado como êxtase: a expansão das fronteiras do próprio ego, ou de dissolução de limites. A intuição que, dentro de nós, algo muito grande pulsa sem que possa ser colocado numa linguagem conhecida. Sagrado como experiência pessoal, sem ter nenhuma relação necessária com qualquer religião ou manifestação socialmente reconhecida de espiritualidade.
Era essa experiência que buscávamos.
E, mulheres que ao se tornarem quem são trouxeram sua contribuição única ao mundo.
A vida de quem vai ao encontro daquilo o que lhe é mais autêntico é uma jornada de sair do todo, do coletivo, individuar-se e trazer de volta, como dádiva para o humano a plenitude de si mesmo.
É na própria singularidade que está a grandeza e a possibilidade de contribuição de cada um ao mundo. É o encontro de um sentido de Vocação pessoal, uma razão de estar vivo.
Conhecemos, em nossa busca, mulheres que foram fiéis as suas “sementes de carvalho” e com isso defrontam-se com o Sagrado e/ou ao buscarem o sagrado encontraram a si mesmas. E que também trazem ao mundo uma contribuição singular! Contribuição que só aquela mulher específica pode dar, porque aquilo que ela é e o que oferece se mesclam totalmente.
TRECHO DO LIVRO “O FEMININO E O SAGRADO – MULHERES NA JORNADA DO HERÓI”, de Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro, editora Ágora, 2010