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JOÃO, MARIA E A BRUXA: escolha seu final feliz

Esta é outra versão da tradicional historia de fadas: quase igual, mas diferente no final, aberto para você escolher. Qual seria sua opção?
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Há muito tempo, às margens de uma floresta morava um lenhador com sua segunda esposa e os filhinhos Maria e João, nascidos do primeiro casamento. A madrasta detestava Maria, e acabou convencendo o lenhador, que era um homem fraco, a abandonar as crianças na floresta. No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta os acordou : – Vamos cortar lenha na floresta. Partiram e quando chegaram ao meio da floresta, disse: – Descansem enquanto nós vamos rachar lenha para a lareira. Mais tarde passaremos para pegar vocês

Após longa espera, eles  adormeceram. Quando acordaram, era noite alta e nem sinal dos pais. Os dois andaram por muito tempo sem conseguir sair daquela mata imensa. Até que, de repente,  eles se viram diante de uma linda casinha.Aproximaram-se, curiosos, e admiraram-se ao ver que o telhado era feito de chocolate, as paredes de bolo e as janelas de jujuba. — Viva! — gritou João. E correu para morder uma parte do telhado, enquanto Maria enchia a boca de bolo, rindo. 


Subitamente, abriu-se a porta da casinha e saiu uma velha apoiada em uma muleta. João e Maria assustaram-se, mas a velha lhes deu um largo sorriso, com a boca desdentada. 
Não tenham medo, crianças.  Entrem! Vou preparar uma jantinha. O jantar foi delicioso, e macias as caminhas aprontadas pela velha para João e Maria, que adormeceram felizes.

Os coitadinhos não sabiam que a velha era uma bruxa que comia crianças e, para atraí-las, tinha construído a casinha de doces. Agora ela esfregava as mãos, satisfeita: – Estão em meu poder, não podem me escapar. Porém, estão um pouco magros. É preciso fazer alguma coisa. Na manhã seguinte, enquanto ainda estavam dormindo, a bruxa agarrou João e o prendeu em um porão escuro; depois acordou Maria. — De pé, preguiçosa! Vá tirar água do poço, acenda o fogo e apronte uma boa refeição para João. Ele está fechado no porão e tem de engordar bastante. Quando chegar ao ponto, vou comê-lo. Maria chorou e desesperou-se, mas foi obrigada a obedecer.

A cada manhã, a bruxa ia ao porão e, por ter vista fraca e não enxergar a um palmo do nariz, mandava: — João, dê-me seu dedo, quero sentir se já engordou! Mas João, em vez de mostrar seu dedo, estendia-lhe um ossinho de frango. A bruxa ficava zangada porque, apesar do tanto que comia, o moleque estava cada vez mais magro! Como ele era assim esperto, a bruxa o deixava em paz.Em compensação, atormentava a menina, que não tinha sossego. A bruxa não a deixava sequer ter uma boneca ou relaxar um pouco. Só podia descansar quando ficava doente.

De vez em quando, apareciam crianças perdidas na floresta, atraídas pela casinha de doces. Maria conseguiu salvar algumas, libertando-as, mas não fugia com elas porque João continuava preso. Isso continuou até o dia que  Maria desceu para levar comida a João e viu que ele não estava lá. Tinha fugido sem ela!

Essa decepção deixou Maria chocada, mas por outro lado foi até bom, porque nesse tempo de cativeiro Maria havia crescido bastante. Agora conhecia a bruxa como conhecia a si mesma, e já não era mais uma menininha perdida.

Então, seu quarto, Maria ficou planejando o que fazer – o que significava antes de tudo no que fazer com a bruxa. Pensou em cinco opções: 

1.   Podia dar um jeito de atrair a bruxa para perto de um poço abandonado e jogá-la lá embaixo, enterrando-a no fundo, impotente para fazer mais mal.

2.    Podia abrir bem o forno e para lá empurrar a bruxa, queimando-a num fogo pior que dos infernos, assim se desforrando do que mal que ela lhe havia feito.

3.    Podia até – ela já era grande e adulta, afinal – inverter as coisas e passar a mandar na bruxa, que estava velha e fraca, tornando-a sua escrava como ela fizera consigo. 

4.    Podia também tentar conviver com a bruxa, e lá no fundo  talvez não fosse assim tão ruim. Quem sabe se dominasse sua maldade, não surgiria nela uma boa vovozinha  contadora de histórias?

5.    Ou então, Maria podia deixar a casa e retomar o caminho da mata, levando provisões e lanternas. Não tinha a menor ideia para onde ir, mas com certeza seria na direção de uma vida muito diferente.

Qual delas você escolheria? 

Texto e ilustração de Beatriz Del Picchia

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