Heroínas do Brasil – Maria Firmina dos Reis
Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão em 1825. Era bastarda, que era como se chamavam as crianças nascidas fora de um casamento e que por isso não eram considerados filhos legítimos; além disso tinha ascendência negra. O enorme preconceito em relação a essas duas condições de nascimento implicavam em imensas dificuldades na vida de qualquer pessoa no começo do século XIX no Brasil, ainda mais para uma mulher! A escravidão dos negros aqui durou até 1889!
Mesmo com toda essa adversidade vinda da sociedade preconceituosa, racista e machista, Firmina se destacou e tornou-se a primeira mulher brasileira a publicar um romance no Brasil.
Ela viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna, o que foi importantíssimo para sua formação, pois teve apoio e incentivo do jornalista e escritor Francisco Sotero dos Reis, seu primo, para dedicar-se aos estudos.
Em 1847, aos 22 anos, foi aprovada em um concurso público para a Cadeira de Instrução Primária, sendo a primeira professora concursada de seu Estado. Exerceu a profissão de professora durante 34 anos, até se aposentar em 1881.
Firmina também escreveu em jornais literários, publicando poesias, ficção e crônicas. As questões da população negra e sua terrível situação social no Brasil daquela época sempre estiveram presentes para ela e a inquietavam e mobilizavam.
Em 1859, quando tinha 34 anos, publicou o romance: “Úrsula”, o primeiro de uma mulher brasileira e um dos primeiros romances abolicionistas da nossa literatura. Nesse romance ela fala da condição da população negra no Brasil e usa elementos da tradição africana. Talvez por temer a repercussão negativa ao livro publica, não em seu nome, mas sob o pseudônimo “Uma Maranhense”.
Em 1881, ao se aposentar, com 56 anos, fundou uma escola mista e gratuita, o que causou grande escândalo na cidade, por misturar meninos e meninas e por causa disso a escola teve que ser fechada depois de três anos.
Em 1887, no auge da campanha abolicionista, Firmina publicou o conto “A Escrava”, reforçando sua postura antiescravista. Em 1871, publicou a obra de poesias “Cantos à beira-mar”.
Em 1889, compôs o Hino da libertação dos escravos – letra e música.
Firmina nunca se casou mas adotou dez crianças e ajudou inúmeros afilhados. Dedicou toda sua vida a ensinar, escrever e através disso lutar por seus ideais libertários. Morreu em 1917, aos 92 anos.
Uma mulher brasileira extraordinária e tão pouco conhecida!
Próxima quarta-feira, dia 20/04, NISE DA SILVEIRA
Adorei
É uma história sensacional, não Ana?