Introvertidos e extrovertidos: lidando melhor com as divergencias
Ao avaliar o efeito de ouvir historias no cérebro humano, pesquisadores holandeses constataram que omodo que vivenciamos a historia não é o mesmo para todos, conforme afirma a neurocientista Suzana Herculano-Houzel num artigo da Folha de 12/05/2015.
Em resumo, ao observar as áreas do cérebro que são ativadas em determinadas passagens, eles notaram que a mesma historia provoca reações diferentes entre indivíduos. Os que respondem mais a trechos de ação respondem menos a trechos de estados mentais, e vice versa. Ou seja, algumas pessoas prestam atenção e se ligam mais nas ações e outras nos estados mentais das histórias.
Ao ler isso, me veio à mente os tipos psicológicos de Jung. Para ele, há dois tipos básicos de pessoas: os extrovertidos, que focam a atenção mais no mundo externo de fatos e pessoas, e os introvertidos, que focam a atenção mais no mundo interno e impressões psíquicas – o que o pesquisador holandês chamou de estados mentais.
Cada tipo mostra a preferência natural do modo com que o indivíduo se relaciona com o mundo. Jung publicou o livro que trata disso – Tipos psicológicos – em 1921. Será que não estava falando exatamente o mesmo que essa descoberta recém saída do forno?
Acho importante ressalvar que Jung declarou que um dos objetivos de ter-se aprofundado no assunto de tipos psicológicos é que, se entendermos que existe uma diferença básica natural nas percepções e atitudes com que as pessoas reagem ao mundo, poderemos lidar melhor com as divergências. É uma abertura para a tolerância e para a aceitação da diversidade em vários sentidos.
Por exemplo, Jung dizia que muitas das divergências conceituais entre ele mesmo, Adler e Freud eram resultantes do tipo psicológico de cada um. Segundo Nise da Siveira (no livro Jung vida e obra) “… cada psicólogo vê a vida psíquica através de seu tipo psicológico. Freud na qualidade de extrovertido, dando prevalência ao objeto. Adler como introvertido, valorizando sobretudo o sujeito.”
Então, se sou introvertida e meu marido é extrovertido (e casais tendem a se formar por tipos opostos), posso entender melhor que suas disposições e seu modo de reagir em determinadas situações sejam diferentes dos meus.
E que isso não é melhor nem pior: é apenas diferente.
Post de Bia Del Picchia