Os ensinamentos da deusa Athená
O MITO
A Deusa Métis era uma divindade do oceano conhecida por sua sabedoria, e foi a primeira esposa de Zeus. Rezava uma profecia que Zeus teria com ela uma filha e depois um filho. E que os dois filhos posteriormente destronariam o pai. Quando Métis engravidou, Zeus, preocupado com a profecia, enganou a esposa. Ele fingiu que estava brincando e pediu a ela que ficasse bem pequenininha. Quando ela o atendeu, Zeus a engoliu. Gestou então a filha em sua cabeça. Findo o tempo de gestação, Zeus teve uma terrível enxaqueca e pediu a Hefesto, Deus das Forjas, que lhe abrisse a cabeça com um machado.
De dentro da cabeça de Zeus saltou Athená, bradando um grito de guerra, adulta, vestida e armada!
Athená – ou, como também é conhecida, Palas Atena – considera que só tem pai, não tem consciência de que teve uma mãe. Torna-se a filha preferida de Zeus, seu braço direito e é a única a quem ele empresta seus raios, o símbolo de seu poder.
O QUE ELA PODE NOS ENSINAR
(…) mas, há um lado bem sombrio para nós em Athená: ela se reconhece como filha SÓ do pai – ela esquece que também é filha da mãe (que foi engolida pelo pai). Além disso, nasce adulta, vestida e armada.
Traduzindo toda essa simbologia para os dias de hoje, podemos dizer que nós, mulheres modernas, para nos adequar a esse mundo “do pai/ patriarcal”, vivemos armadas, nunca nos permitindo o sentimento das crianças ou a nudez; jamais nos permitimos a vulnerabilidade e sensibilidade. Também “não temos corpo”, a não ser que o vejamos como objeto a ser consertado e aperfeiçoado, pois afinal vivemos somente na cabeça!
No mundo de Athená, a sabedoria da mãe ou do Princípio Feminino permanece esquecida, engolida, desvalorizada. Cabe a nós resgatar Métis e aprender uma forma de inteligência mais intuitiva, relacional, mais próxima da natureza e de seus ciclos para equilibrar com a inteligência da Razão. Talvez nesse equilíbrio possamos encontrar a sabedoria, que tanto nos falta hoje.
Trechos do meu livro, O LEGADO DAS DEUSAS, editora Pólen