O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Vamos falar sobre o mitologuês?

O que é mitologuês? É a antiga língua falada nos contos de fadas, nos mitos, nos ritos que moldaram nossas civilizações. É antiga, mas não é uma língua morta. Aparentemente, os mitos foram assassinados pela ciência, ou deturpados por alguns esoterismos esquisitos e pela publicidade. Eles foram tão difamados que a palavra mito é usada como sinônimo de mentira – mas isso é que é mentira! Mitos são metáforas, imagens e narrativas simbólicas.

Também é mentira que os mitos desapareceram. Eles sobrevivem fortes como sempre, sabe onde? Dentro da gente. E por que sobrevivem? Porque o mito é a linguagem da psique humana! Nosso mundo interno – repare nos sonhos, por exemplo – funciona e se expressa por símbolos, imagens e metáforas, que são o beabá da linguagem do mito. E assim como nosso corpo precisa de alimento para viver, nossa psique precisa do alimento mítico para se sentir viva! É por causa dessa necessidade que nós assistimos filmes onde eles aparecem claramente, como o Senhor dos anéis, Harry Potter, Guerra dos tronos, Star Wars, Malévola, e que jogamos games fantásticos, RPG…. Essas coisas não são só distração. Nós precisamos delas!

E precisamos hoje mais que nunca, até porque a gente fica quase o tempo todo só falando economês, engenharez, sociologues, e outras línguas muito duras. Ficamos pensando só em grana, em poder e no corpo (para o bem ou para o mal). Por isso a gente precisa arrumar um monte de distrações e obsessões para tentar fazer a vida ficar menos chata, sendo que ela fica chata justamente porque nós só considerarmos essas coisas duras. O poeta Yeats expressou como desse jeito a vida pode ficar ressecada, comparando-a a um lugar muito árido: “Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol/E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos/ E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca.”.

A falta da pratica do mitologues no cotidiano nos resseca, tira a névoa, a umidade, a garoa, a chuva criadeira, tira o encanto das coisas, que murcham sem a seiva trazida por nossas raízes míticas. As crianças adoram contos de fadas– claro, nascemos sabendo falar mitologues, depois é que esquecemos – e veja a alegria delas! O caminho do mito nos guia até a fonte da alegria. Nada é chato em Star Wars, com certeza!

Bom, não estamos aqui propondo que a gente invada outra galáxia nem vire cavalheiro jedai, nem estamos aqui fazendo esoterismos ou coisa parecida, mas sim trazendo umas ideias de gente que fez pontes mais conscientes com o mito. Para usar essas pontes não se precisa renunciar à razão, nem à ciencia, nem ao economês, ao engenharez…. Ao contrário, uma vida plena abarca tudo isso: é poliglota, é um modo amplo de ver as coisas. Esse modo é tão saudável que, quando parece que no mundo só se fala economês, chega alguém e traz o mitologues de volta à cena. VIVA!

2 comentários

  1. Rosana Rios disse:

    Muito bom! Vou citar sua fala sempre que possível. Sou fluente em mitologuês e não sabia!

    1. crisbalieiro disse:

      Adoramos quem fala bem o mitologuês, Rosana!
      Bjs
      Cris

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