Sugestões de livros para o natal
Um livro infantil, um romance, um de poesia, todos de mulheres, todos ótimos. E, claro, tem os nossos também, links aí ao lado.
BANDA DAS MENINAS – Para crianças de 7 a 9 anos, escrito por Emília Nuñez com ilustrações de Ana Paula Azevedo, este livro narra a história de Leiloca, cujo sonho é ser uma baterista profissional. Apesar de ser o seu grande sonho, ela não sabia se seria boa o suficiente. Faz um teste para uma banda, mas é rejeitada por ser uma menina. Então, ela decide montar a sua própria banda e vai viver uma grande aventura com suas amigas.
CARTA À RAINHA LOUCA – A autora Maria Valéria Rezende já foi laureada diversas vezes com o prêmio Jabuti e este romance foi um dos indicados em 2020. Carta à rainha louca é um romance epistolar no qual Isabel das Santas Virgens, confinada em um convento, escreve à rainha Maria I, conhecida como a Rainha Louca, narrando sua trajetória e as dificuldades sofridas por mulheres, escravos e vulneráveis no final do século XVIII no Brasil.
A MULHER SUBMERSA – escrito por Mar Becker, este livro de poesia está entre os melhores do ano em muitas listas, inclusive a minha. Trecho para dar um gostinho:
virginia
eu também moro a cem metros da água
eu também sei que no meio da pedra o escuro
toda pedra diz das ruínas
do império onde nenhum pulso
as pedras do bolso do teu casaco virginia
elas eram como pássaros
no fundo da tua submersão de peixe abissal
estamos em agosto a noite vem cedo
gosto de pensar que ao dizer teu nome percorro uma iniciação perfaço um chamado
saio para caminhar
dois cães de rua me acompanham como filhos da mesma matilha eriçados como lobos
são magros a pelagem tomada de falhas
de sarna
à pouca luz no entanto eles adquirem algum brilho certa cintilação
penso que estamos todos doentes penso meu deus como é triste este nosso senso de majestade este cortejo vindo de longe do ouro
sou mulher
com meu próprio seio alimentaria esses dois cães
qualquer mamífero da noite
poderia me sentar na mureta de casa passar horas olhando a represa de guarapiranga
poderia viver uma eternidade assistiria às estrelas morrendo com a mesma devoção daqueles que um dia viram o leite e o mel manar do céu do deserto
digo teu nome virginia minha boca ilumina-se
a chuva tocando o espelho
os círculos se abrindo concêntricos um de dentro do outro na superfície da água
como bocas
minha voz canta teu corpo de mulher submersa
meu réquiem teus cabelos