O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Poesia é remédio – Poética de Manuel Bandeira

Quando você estiver carente de beleza, cansado da mediocridade, farto das pequenas mesquinharias, entediado com a pequenez e mesmice que nos assola, se vista com uma roupa BEM extravagante, pinte seu rosto de cores fortes, abra a janela da sua casa e grite para o mundo a 
Poética, de Manuel Bandeira.

  
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor. 
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

3 comentários

  1. Lindo… vou deixar uma poesia que escrevi.

    Por amor mulheres dançam ao redor da lua,
    todas nuas, puras para curas das almas,
    com calma e graça todas cirandam ao redor do fogo,
    salamandras se movimentam, mantras são cantados,
    encantados por palavras secretas que exaltam o fim do que não é para acontecer
    Ou daquilo que pode ser desenhado para um melhor viver.
    Pés firmes tocam o chão e fazem amor com a terra,
    mãos unidas criam confiança e entre as linhas a lembrança do que já foi vivido,
    permitido noutra era, noutro tempo, presente para quem sente
    no alto da montanha o pulsar no coração de cada mulher que tece o enredo da vida.
    O corpo que no mexer, quebra a morte, requebra os males,
    transborda os vulcões, causa fúrias inimagináveis no oceano,
    treme o solo e da vento forte aos furacões
    também é corpo que move o universo para trazer de volta quem havia se perdido.
    Ato de fé e de amor a beleza do haver e de ser a única cria geradora da vida.
    E, este anel, elo de todas as gerações e ações feitas para fiar um mundo de amor.
    Pode ser destruído no físico, mas na matéria além desta sempre estará lá.
    Para uma irmandade, círculo feito no mar de amar,
    na terra para ser lembrado por todas as eras
    e no céu para ser dançando junto com as estrelas,
    não tem começo e nem fim, sempre existiu e sempre existirá
    um lugar onde as mulheres se encontram com suas ervas, seu caldeirão,
    seu coração e sua doação para aquilo que se chama de vida.

  2. Também acho, Anônimo! Viva aos poetas!
    Abraco
    Cris

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