O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

O sagrado feminino e a Mulher Búfalo Branco – parte 2

Hoje segue final do mito da Mulher Búfalo Branco.

Contou então que era a Mulher Búfalo Branco, o Espírito da Verdade, a Mãe dos Antigos, e ordenou que o jovem voltasse para sua tribo, contasse sobre o encontro com ela e pedisse que todos preparassem a aldeia para recebê-la, pois tinha vindo ensinar ao povo as coisas sagradas que eles tinham esquecido. Ele assim fez. Após o ouvirem, todos começaram a trabalhar para preparar uma enorme cabana, na qual toda a tribo pudesse se reunir.
Depois de pronta a cabana, viram a Mulher Búfalo Branco se aproximando, descalça, como sempre andava em suas viagens pela Terra, para não machucá-La. Ela entrou na tenda, irradiando fortemente a presença do Grande Espírito. Sem dizer uma palavra, dançou sete vezes em círculo em torno do fogo que ardia no centro. Cada vez que seus pés tocavam a areia ao redor do fogo, as pessoas percebiam que seus gestos eram como preces de profunda reverência à Terra.
Foi então que ela falou: “Sete vezes dancei em círculo em torno deste fogo, em reverência e silêncio. O fogo simboliza o amor que arde para sempre no coração do Grande Espírito. Vocês esqueceram suas ligações com Ele. Eu vim como um fogo do céu para reavivar a memória de vocês”.
De dentro de uma sacola de peles que trazia consigo, ela retirou um cachimbo e continuou: “Trago este cachimbo para ajudá-los a recordar os ensinamentos que estou lhes transmitindo. Tratem-no sempre com respeito. Ponham neste cachimbo o tabaco sagrado plantado especialmente para esse fim. Fumem-no com um sentimento de gratidão ao Grande Espírito, de cujo sopro vocês receberam a vida. Usem a fumaça para elevar seus pensamentos e suas preces a Ele. Isso vai ajudá-los a não perderem mais a conexão com Ele”.
Depois, a Mulher Búfalo Branco ainda lhes ensinou os sete ritos sagrados: o ritual de purificação, a sauna sagrada; o ritual do nome, quando uma criança nasce; o ritual da cura do corpo, mente e alma; o ritual de criação de parentesco; o ritual do casamento; o ritual da busca da visão e o ritual da dança ao Sol.
Feito isso, saiu da cabana e caminhou em direção ao Sol. Depois de andar uma curta distância, olhou para trás, para o povo, e sentou-se. Quando voltou a levantar, todos ficaram assombrados, pois ela havia se transformado em um búfalo vermelho. O búfalo vermelho andou mais um pouco, deitou e rolou no chão e quando se levantou era um búfalo negro. O búfalo negro caminhou mais uma pequena distância, deitou e rolou no chão, e quando se levantou era um búfalo branco, que se afastou e desapareceu de vez no horizonte.

Trecho do livro O LEGADO DAS DEUSAS

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