O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

MULHERES MARCANTES: Carmen da Silva (1919/1985)

Carmen da Silva foi uma psicanalista, jornalista e escritora brasileira, uma das precursoras do feminismo no país. Já foi definida como “um dos símbolos da modernização da imprensa e da sociedade brasileira contemporânea”. 

Nos anos 40, viveu no Uruguai e na Argentina, onde iniciou sua carreira de escritora e jornalista, publicando seu primeiro livro. Nos anos 1960 radicou-se no Rio de Janeiro, e consolidou seu talento como escritora, colaborando com jornais e revistas. 

Durante 22 anos ininterruptos, entre 1963 e 1984, redigiu a coluna “A arte de ser mulher” na revista Claudia da Editora Abril. Nela, a jornalista defendia que a mulher deveria tornar-se um ser humano total e participante. Desmistificava a rainha do lar, mostrando a limitação dos horizontes da mulher, de quem a sociedade não exigia mais do que as habilidades necessárias às tarefas domésticas. Para ela, a mulher tradicional, a dona de casa, deveria abrir as janelas para o mundo e tornar-se uma pessoa ativa em seu meio social, construindo a vida a partir do eu-real, sem ilusões ou fantasias, conquistando opiniões e valores próprios baseados na  experiência da vida. 

“Meus artigos caíram como UFOs incandescentes no marasmo em que dormitava a mulher brasileira naquela época. Logo comecei a receber uma avalanche de cartas de todos os tons: desesperados apelos, xingamentos, pedidos de clemência: deixem-nos em paz, preferimos não saber! consciência dói…”, dizia.

Mas, com o tempo, o vínculo entre a jornalista e as leitoras foi se tornando mais forte. Encorajada por uma correspondência cada vez mais íntima, publicava as dúvidas, as questões que recebia nessas confidências expressando com estas cartas os medos e as ambivalências vividas pelas mulheres e ajudando a refletir sobre as necessidades de mudança
A coluna antecipou alguns dos debates que seriam depois encampados pelo discurso feminista no Brasil: uso da pílula anticoncepcional, inserção da mulher no mercado de trabalho e divórcio, entre outros e e influenciou o pensamento de toda uma geração. 

O termo feminismo só entraria nos seus artigos na década de 70, pois como ela mesma dizia, era ainda um bicho-papão e poderia afastá-la da imprensa. A partir daí, Carmem dedicou boa parte de seus artigos ao tema e participou ativamente das principais manifestações públicas em defesa dos direitos da mulher, até sua morte.

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