Mulher Objeto: eu finjo que estou gostando/faz parte do meu trabalho…
Essa poesia fala direto com a mulher objeto, com a que não quer mais ser mulher objeto e com a que nunca foi… mas conhece uma tia, prima, mãe, ou amiga que ainda é.
A autora é Claire Feliz Regina, que aos 80 anos pede para taparem os ouvidos das crianças quando vai declamar em reuniões de família. Não a toa: “… meu marido nunca pergunta/se já cheguei ao orgasmo/Ele me deixa no agulheiro/só trabalho quando ele quer/E ele ainda diz/que é para isso que serve a mulher/Vou sair desse agulheiro/procurar no mundo inteiro/o homem certo para mim…”
Muito feliz de trazer aqui essa poeta-anciã que esclarece sentimentos femininos com tanta arte e atitute. Transcrevi o início, mas no vídeo a poesia está completa. Valeu!
O que será que a agulha pensa
quando passam a linha por ela?
Será que ela sente dor?
Será que ela sente prazer?
Ninguém se preocupa em saber.
Eu sou como a agulha
que quando a linha está passando
eu finjo que estou gostando.
Faz parte do meu trabalho.
Assim como a agulha
eu costuro, lavo e passo
e as vezes até me entusiasmo.
Mas meu marido nunca pergunta
se já cheguei ao orgasmo.
Ele me deixa no agulheiro
só trabalho quando ele quer
E ele ainda diz
que é para isso que serve a mulher.
Vou sair desse agulheiro
procurar no mundo inteiro
o homem certo para mim.
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