Mentalidade do sec 17 com tecnologia do sec 21
O populismo autoritário tem horror à modernidade e ao progresso, diz Steven Pinker no livro “O novo iluminismo: em defesa da razão, da ciência e do humanismo”.
Ele afirma que, para esses extremistas, “a erosão da autoridade da Igreja no Iluminismo do sec 18, o estado laico e o “afrouxamento dos sólidos fundamentos morais” do sec 20 deixou nossa civilização na beira do abismo”.
Daí, mesmo sem saber disso, nem absolutamente nada de história e nem de onde vieram suas ideias autoritárias, a noção de muitos governantes e seus seguidores sobre como deve ser uma sociedade são anteriores ao Iluminismo Humanista do sec 18.
Era a mentalidade da maioria das pessoas do sec 17.
E continua sendo a mentalidade de muitas pessoas atualmente.
Então, hoje vemos a mentalidade do sec 17 usando a tecnologia do sec 21.
Pinker diz que, para essa mentalidade autoritária, “o reconhecimento do direito à vida, à liberdade e à busca de felicidade, além do mandato do governo para garantir esses direitos, são débeis demais para uma sociedade moralmente viável … (e levam a) imoralidade desenfreada, pornografia, dependência da previdência social e aborto. A sociedade deve (…) promover a conformidade com padrões morais mais rigorosos de uma autoridade maior que nós mesmos.”
Nessa concepção, a liberdade (todas: de culto, de expressão, de vida sexual, de manifestação, de reivindicar direitos, etc) é uma ameaça assustadora que deve ser rigidamente “controlada ou reprimida” pelas “autoridades maiores” (pastores, padres, pais, militares, ditadores, etc) para que todos se submetam aos seus padrões morais.
A imagem desse post retrata o julgamento de Galileu Galilei, que tentou fazer um progresso no sec 17 e se deu mal.
Ele afirmava que a terra se movia em volta do sol. Foi condenado e preso porque as autoridades religiosas e políticas da época afirmavam que essa ideia era contra a moral e contra o deus deles. Galileu ainda teve sorte de não ser queimado vivo como foi Giordano Bruno, que afirmava a mesma coisa.
Três séculos depois, pelo menos a Igreja admitiu que estava errada e o absolveu do crime de pensar cientificamente.
Quem sabe daqui a três séculos as liberdades humanas não assustem tanta gente.
Quem sabe isso acontece antes.