O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Madonas Negras: N.S. Aparecida e Kannon

No  enorme templo budista de Senso-ji, em Toquio, levei um susto quando vi uma pintura mostrando a história da divindade ali venerada. Veja só:

No ano de 628, dois irmãos pescadores que estavam passando por dificuldades pescaram do rio Sumida uma pequena imagem de uma deusa, depois do que sua sorte nas pescarias melhorou muito… 
Fizeram um Templo para colocar a imagem, que foi atraindo cada vez mais fiéis. 
Aos poucos o edifício original foi sendo acrescido de portais e alas, até ficar um enorme conjunto de prédios que fica lotado de peregrinos.

Bom, conhecemos essa história, né? A N.S. Aparecida japonesa foi reconhecida como Kannon, divindade ou bodhsatva da Compaixão.

A foto ao lado mostra uma escultura de corda mostrando uma grande sandália de pescador como as que os irmãos usavam.

É um lugar lindo, mas o que nos chama a atenção, claro, é a correspondência das historias dela e da N.S. Aparecida e a grandiosidade da veneração a ambas.

Trata-se apenas de coincidência? Ou de um exemplo do que  Sheldrake chama de campos morfológicos, eventos sem ligação aparente que se repetem pelo mundo? Ou do mesmo arquétipo junguiano? Ou é a Grande Mãe que surge das águas, elemento feminino por definição, com vestes, nomes, formas e lendas que melhor é entendido pelas pessoas daquele lugar, porém semelhante a si mesma embaixo das diferenças?  (Talvez mostrando que também nós, humanos, somos iguais embaixo das diferenças…?)

Essas são algumas opções de explicações. Você decide.

Quanto a mim, só digo que dentro do templo a gente pode tirar a sorte, pegando um palito com um numero que corresponde a um dos papeis guardados em gavetinhas douradas, que contém alguma previsão.  Desconfio que  nossas explicações sejam mais aleatórias e gratuitas que a sorte ali tirada.


texto de Beatriz Del Picchia

2 comentários

  1. Malu Machado disse:

    Muito interessante. Adoro vir aqui conhecer essas histórias. Obrigada Beatriz, por compartilhar.

  2. E eu adoro contar essas histórias. Obrigada Malu pelo comentário, bjs!

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