Fadas, destino e mapa astral
“Fada” vem do latim “fatum” que significa destino. Quando as boas fadas ficaram na frente do berço da Bela Adormecida dando-lhe bons presentes (que seria bela, por exemplo) e a má fada lhe despejou a maldição que um dia iria picar o dedo e adormecer, na verdade estavam “lendo” previsões de seu destino.
Isso lembra o mapa astral de alguém, segundo a astróloga e psicoterapeuta junguiana Liz Greene. E nesse texto ela fala como os contos explicam a livrar as heroínas das “maldições”, que são os obstáculos do destino: as vezes a solução é a passagem do tempo, outras a pessoa tem que fazer uma perigosa jornada, etc.
Mas no processo sempre está envolvido algum outro elemento, mágico ou misterioso como o próprio inconsciente.
“A Bela Adormecida” é um conto de fadas e, por conseguinte, uma história sobre o destino. (…)
Os procedimentos necessários para a superação ou a transformação dos feitiços e das maldições das histórias de fadas são tarefas altamente ritualizadas. Somente a vontade não pode fazer nada.
A solução do feitiço ou maldição depende de outras faculdades que não são racionais, e nenhuma solução pode dar certo sem o secreto acordo das fadas ou das próprias parcas… Isso sugere um outro mistério sobre nossa face feminina do destino.
As vezes é o coração que opera a transformação, assim como o amor da Bela transforma a sua Fera; as vezes é a passagem do tempo, como é o caso da Bela Adormecida. Outras vezes, o herói deve fazer, desesperadamente, uma longa e cansativa viagem até o fim do mundo, cercado pelas trevas e pelo desespero, a fim de encontrar o objeto milagroso que irá salvar o reino.
Os temas dos contos de fadas são mais modestos e aparentemente mais mundanos do que as gloriosas representações teatrais das grandes sagas míticas populares. Todavia, em alguns aspectos, eles têm mais importância para nós por serem mais acessíveis, exuberantes, imaturos e mais próximos da vida comum.
E eles sugerem, no ponto onde o mito falha, que seria possível construir uma ponte entre o homem e Moira, se respeito, esforço e ritos propiciatórios adequados forem oferecidos”.
Liz Greene, A astrologia do destino, Ed Pensamento. Ilustração mais acima de Benvenuti
Nossa q maravilhoso, amei !