O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Bliss: por quilo ou à la carte?

Passei na frente de um restaurante chamado Bliss e bati essas fotos, irresistível.

Para quem não lembra, Bliss é uma das etapas mais importantes da Jornada do herói. É o pote de ouro que se encontra no fim do arco Iris, é o encontro com nossa realização pessoal, como colocamos em nosso livro (pg 58):

Ela pressupõe um encontro com o sagrado e com o mais profundo de si, uma sensação de significado e sentido, de estar pleno de vida mesmo que a vida esteja difícil, um sentimento interno e intuitivo de estar onde se deveria estar, uma sensação de ser aquilo/pertencer àquilo.

A bliss só é encontrada quando se diz “sim” à jornada, é sua recompensa, “aquela sensação profunda de estar presente, de fazer o que você decididamente deve fazer para ser você mesmo. Se você conseguir se ater a isso, já estará no limiar do transcendente” (Campbell, 2008, p. 25).

Depois de tirar as fotos, fiquei pensando em como seria se a gente encontrasse nossa Bliss oferecida num cartaz de uma rua qualquer, á venda por quilo ou a la carte.


Imagine se pudéssemos comprá-la facilmente, assim:
– Ah, agora minha Bliss será pintar quadros, ou escrever livros.
Cansei? Então troco:
– Agora terei uma personalidade carismática, serei um político, um guru…

Impossível, percebe?
Porque não se trata de fazer algo (pintar, escrever ou liderar), mas de ser alguém que passa por uma experiência vital, visceral, que pega pelo estomago.
Até pode existir quem seja pintor, escritor, líder e guru, desde que seja de fato tudo isso desde o mais profundo de sí.
Com a Bliss, a gente se transforma naquilo que nos move, e aquilo que nos move nos transforma; rompe-se a barreira sujeito-objeto.

Não é uma máscara que se coloca na cara e depois se tira, ou uma roupa, um sapato. Como a Obra Alquimica, a Bliss exige a pessoa inteira.
Exige uma Jornada, mesmo que para algumas pessoas apareça cedo na vida.
Exige ser descoberta, e que se viva inteiramente por ela, conscientemente ou não.

Sim, é exigente, mas o que dá em troca não se compara a nada.
Quando chega, ou até só quando a gente a vislumbra de relance, é absolutamente arrebatadora.
Em CONSELHOS A UM JOVEM POETA, Rilke disse algo assim:
-Se você puder conceber sua vida sem escrever poesia, não a escreva!

Bliss não se compra, nem a la carte, nem por peso.
Como diz aquele anuncio de cartão de crédito, não tem preço.
Como as melhores coisas da vida.
 

Texto e fotos de Beatriz Del Picchia

2 comentários

    1. bia disse:

      Querida Wanice, sua bliss brilha na sua alegria e carisma! abraço

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