Antigos símbolos tratam conflitos internos
Sabe quando ficamos conflitantes conosco mesmas, como se estivéssemos divididas em duas metades?
Existe um símbolo, vindo dos Alquimistas, que pode ajudar a pensar sobre isso: os dois pássaros.
É para onde esse Velho aponta, no livro aberto.
Na pergunta já está a resposta e na formulação do problema a sua solução. Assim, este círculo é uma indicação da resposta ao conflito.
Para os junguianos, o circulo é uma representação do Si-mesmo; em outra leitura, é a nossa Totalidade. Então, se estamos divididos num conflito interno, não é a simples opção por um dos lados – por um dos pássaros – que vai resolver de verdade o caso, porque algo de nós vai ficar de fora.
Ou seja, a não procurarmos afoitamente uma saída externa e imediata, mas de aguentarmos a tensão trazendo para dentro e sustentando o problema, simplesmente observando os dois pássaros, sem nos identificarmos com nenhum dos dois e sim com o círculo.
Integrar os opostos
Assim, a resposta poderá vir não da derrota de um dos lados, mas da integração de ambos. Por exemplo, o fim da luta dos pássaros terrestre e celeste poderá ser a “espiritualização da matéria e a materialização do espírito”, como disse ainda a von Franz.
Um modo de integração de opostos é procurar enxergar o simbólico numa situação concreta, por exemplo perguntando-se coisas como:
E inversamente, concretizar o simbólico – por exemplo, quando desenhamos, escrevemos e trabalhamos com os sonhos.
Também é isso o que fazem os rituais: materializam em ações e/ou palavras o simbólico, os sentimentos e intenções.
Num assunto mais cotidiano, outro modo de trabalhar isso é procurar a emoção oposta a que está nos dominando.
Por exemplo, quando estamos sentindo muita raiva de alguém ou de alguma coisa, tentar lembrar a sensação de uma calma frieza.
Se conseguirmos assim alternar as emoções evocando suas polaridades opostas, nós não nos identificamos com nenhuma das duas (com nenhum dos dois pássaros) e sim com nosso eixo (o circulo).
É dali que as decisões devem partir, inclusive a respeito da situação que despertou a tal raiva.
E agora você deve ter lembrado de outro famoso círculo que une polaridades: o símbolo do TAO e seu duplo peixe, cada um contendo a semente de seu oposto.
TAO, Zen, Alquimia, Psicologia
Num conflito interno, nossa ansiedade já quer partir logo para uma “solução” qualquer, que nos leva a ser menos do que poderíamos ser.
Conseguir participar das dores e alegrias do mundo e ao mesmo tempo sermos também uma fria testemunha que apenas observa o que acontece parece a chave para a vivência plena de nossas possibilidades, de nossa grandeza e de nossa integridade.
Ou seja para a totalidade.
Isso é o que vem dizendo a tradicional sabedoria humana, desde o taoísmo, há mil anos antes de Cristo, passando pelo Zen no séc VIII, pelos alquimistas do séc XV, chegando até a uma psicóloga suíça do séc XX…
Excelente postagem! Gostaria de colocar um link para ela no meu blog, se vocês permitirem.
Espero sua autorização. Obrigada!
Desculpe a demora da resposta, mas só vimos agora seu comentário. Claro que a gente permite o link.
Abraco
Cris e Bia