O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Algo no relacionamento começa a diminuir… e aí?

one of those days

Clarissa Pinkola fala daquela hora em que se começa a perder o encanto que começou o relacionamento amoroso, quando a “velha careca” da morte/separação/transformação aparece. E aí, como fica?

“Repetidas vezes observo um fenômeno em amantes, independente do sexo. Seria mais ou menos assim: duas pessoas começam uma dança para ver se elas vão querer se amar. De repente, a Mulher-esqueleto é fisgada por acaso. Algo no relacionamento começa a diminuir e cai em entropia.

Com freqüência, o doloroso prazer da excitação sexual se abranda, um passa a perceber o lado frágil e ferido do outro, ou ainda um deixa de ver o outro como “material digno de admiração”, e é aí que a velha careca e de dentes amarelos vem à tona.

Parece tão repulsivo, mas esse é o momento perfeito em que se apresenta uma verdadeira oportunidade de demonstrar coragem e de conhecer o amor. Amar significa ficar com. Significa emergir de um mundo de fantasia para um mundo em que o amor duradouro é possível, cara a cara, ossos a ossos, um amor de devoção. Amar significa ficar quando cada célula nos manda fugir.

Quando os parceiros são capazes de suportar a natureza da vida-morte-vida, quando eles conseguem compreendê-la como uma continuidade — como uma noite entre dois dias — e como aquela força geradora de um amor que resiste por toda a vida, eles conseguem encarar a Mulher-esqueleto no relacionamento. Juntos, então, os dois se fortalecem; e os dois são chamados a uma compreensão mais profunda dos dois mundos em que vivem, a do mundo concreto e a do mundo do espírito”.

Mulheres que correm com os lobos, Clarissa Pinkola Estés

Ilustração de Yeduva Devir e Maya Devir, em One of those days, Pinterest

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