O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Ainda assim me levanto

Sensacional.

A autora, Marguerite Ann Johnson (1938-2014), pseudônimo Maya Angelou, era americana e viveu com a avó na Califórnia. Estuprada pelo namorado da mãe aos 8 anos, ficou com uma mudez psicológica que superou, diz-se, com a ajuda de uma vizinha. Aos 17, mãe solteira, foi a primeira motorista de ônibus negra em S Francisco. Mais tarde foi atriz, cantora, dançarina, a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood. Foi poetisa, escritora, ativista de direitos civis, historiadora, professora de história americana na Wake Forest University na Carolina do Norte. Dava palestras, recebeu um prêmio Grammy e leu um de seus poemas na posse de Bill Clinton na presidência. Uma mulher que, de fato, nos ensina a levantar.

Maya Angelou: Ainda Assim Eu Me Levanto – (“Still I Rise”)

Você pode me inscrever na História
Com as mentiras amargas que contar,
Você pode me arrastar no pó
Mas ainda assim, como o pó, eu vou me levantar.
Minha elegância o perturba?
Por que você afunda no pesar?
Porque eu ando como se eu tivesse poços de petróleo
Jorrando em minha sala de estar.
Assim como lua e o sol,
Com a certeza das ondas do mar
Como se ergue a esperança
Ainda assim, vou me levantar
Você queria me ver abatida?
Cabeça baixa, olhar caído?
Ombros curvados com lágrimas
Com a alma a gritar enfraquecida?

Minha altivez o ofende?
Não leve isso tão a mal,
Porque eu rio como se eu tivesse
Minas de ouro no meu quintal.
Você pode me fuzilar com suas palavras,
E me cortar com o seu olhar
Você pode me matar com o seu ódio,
Mas assim, como o ar, eu vou me levantar
A minha sensualidade o aborrece?

E você, surpreso, se admira,
Ao me ver dançar como se tivesse,
Diamantes na altura da virilha?
Das chochas dessa História escandalosa
Eu me levanto
Acima de um passado que está enraizado na dor
Eu me levanto
Eu sou um oceano negro, vasto e irriquieto,
Indo e vindo contra as marés, eu me levanto.
Deixando para trás noites de terror e medo
Eu me levanto

Em uma madrugada que é maravilhosamente clara
Eu me levanto
Trazendo os dons que meus ancestrais deram,
Eu sou o sonho e as esperanças dos escravos.
Eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto!

 

 

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